Em conferencia de imprensa, a ADI acusou o Governo de aumentar em 100% os custos com os testes PCR, de 500 para 1.000 dobras (de 20 para 40 euros), considerando a decisão como uma forma de "desincentivar aqueles que têm pouco rendimento" a fazerem os testes.

O executivo, em comunicado, justificou o aumento das taxas sobre os testes de covid-19 com o "alto custo dos reagentes", e que o aumento não abrange os doentes e os estudantes bolseiros, mas exclusivamente os viajantes.

"Os testes de PCR têm uma grande influência na determinação do covid-19 e têm uma importância vital no controlo da pandemia", explicou Garet Guadalupe, porta-voz da ADI.

Relativamente ao número crescente de óbitos por covid-19, o partido da oposição alertou que as 27 mortes registadas "pode não parecer um número muito grande".

"Mas se nós fizermos uma comparação com os países da África, nós vemos que São Tomé e Príncipe é o oitavo país com mais mortes por cada 100 mil habitantes", sublinhou o responsável.

Garet Guadalupe aproveitou para lamentar os "problemas sociais gritantes" que a população da Região Autónoma do Príncipe está a atravessar.

O porta-voz da ADI acusou o executivo do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus de "não ter resolvido" os problemas de ligação marítima entre as duas ilhas desde o naufrágio do navio "Amfitriti", em finais de abril de 2019, e por causa disso o "custo de vida da população está a encarecer-se cada vez mais".

Devido à falta de transporte, a ilha do Príncipe confronta-se nos últimos dias com problemas de falta de combustíveis que está a agravar a vida dos cidadãos locais.

No mercado paralelo, de acordo com a ADI, o preço da gasolina disparou de 30 para 100 dobras (quatro euros) o litro.

A população manifesta-se "indignada com a situação de penúria" na ilha e, em carta reivindicativa remetida ao presidente do Governo Regional, Filipe Nascimento, ameaçou "sair à rua dentro de uma semana" para reclamar melhoria do custo de vida.

A carta foi entregue ao presidente do Governo Regional para que, através deste, as preocupações cheguem "ao centro do poder em São Tomé". E só não o fazem pessoalmente porque, dizem os subscritores, o elevado custo da passagem não lhes permite deslocarem-se à capital do país.

Na carta, a população cobra promessas feitas pelo executivo de Jorge Bom Jesus por altura do naufrágio do navio "Amfitriti".

Na ocasião, o Governo central prometeu adquirir um navio em condições para garantir ligação permanente, a preço acessível e segura de pessoas e mercadorias entre as duas ilhas.

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