
Elias Dhlakama, irmão do antigo líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Afonso Dhlakama, falava durante a sessão de perguntas ao Governo, dominada pelo combate ao terrorismo.
"Quanto a nós, não restam dúvidas de que o Presidente da República deve ser responsabilizado por omissão, por não ter tomado em tempo útil a decisão de recorrer à ajuda internacional", apelando a uma investigação para apuramento de responsabilidades na forma como o combate ao terrorismo tem sido conduzido.
O deputado acusou o chefe de Estado de ter optado por "arrastar com a barriga" a decisão sobre o recurso ao auxílio internacional, tomando-a só quando a situação saiu do controlo das forças governamentais.
"O Governo permitiu que parte do território de Moçambique ficasse fora das mãos do Estado" e esta situação revelou "o cúmulo da incompetência", disse.
Também a bancada parlamentar do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido, acusou o Governo de incapacidade no combate ao terrorismo.
"O povo de Cabo Delgado está exausto, não tolera mais o sofrimento" provocado por "um quadro de desconcerto e caos ao nível da política de defesa", afirmou o deputado do MDM Silvério Ronguane.
Ronguane lamentou que, apesar de a segurança ter sido restaurada nas zonas com presença de forças estrangeiras, a violência tenha avançado para áreas que antes tinham sido poupadas.
Noutro tom, a bancada da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, apontou avanços militares nas zonas antes flageladas pela violência armada.
"O combate ao terrorismo está a ser um sucesso", declarou a deputada Ana Chapo.
Chapo repetiu a posição do Governo de que a população deslocada de distritos mais atingidos pela violência está a regressar e os serviços públicos estão a ser restaurados, como resultado das derrotas que os insurgentes estão a sofrer.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada promovida por rebeldes, com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
Em cinco anos, o conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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