
"O líder da UE devia priorizar direitos durante visita a Moçambique", lê-se num comunicado da HRW.
Durante a viagem, que termina hoje, "o chefe de política externa da UE não mencionou um componente-chave dessa resposta [à situação em Cabo Delgado]: a responsabilização", refere.
A organização defende a ajuda humanitária e formação em direitos humanos como prioridades, áreas em que a UE já apoia Moçambique a par do treino de militares.
No entanto, a HRW questiona a falta de referências sobre a aplicação da justiça quanto à violação de direitos humanos.
"As autoridades moçambicanas devem investigar os abusos dos direitos humanos por parte das forças de segurança do Estado, bem como do grupo ligado ao ISIS [Estado Islâmico] e processar os implicados em julgamentos justos para garantir justiça às vítimas deste conflito", conclui.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por violência armada, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde há um ano por forças do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas levando a uma nova onda de ataques noutras áreas, mais perto de Pemba, capital provincial, e na província de Nampula.
Há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse esta semana que pelo menos seis pessoas morreram desde 31 de agosto num nova vaga de incursões contra povoações junto ao rio Lúrio, fronteira natural entre as províncias de Cabo Delgado e Nampula.
Entre as vítimas está uma freira italiana da missão de Chipende, em Nampula.
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