
Segundo a agência que integra o sistema das Nações Unidas, a organização não-governamental (ONG) francesa SOS Méditerranée, que se encontra na área com o navio humanitário "Ocean Viking", alertou e pediu auxílio durante dois dias às autoridades dos países da região do Mediterrâneo, mas ninguém respondeu às chamadas de socorro.
"Durante dois dias, o telefone de emergência da ONG ligou para os centros de resgate marítimo na região do Mediterrâneo, apelou aos Estados para que cumprissem com as suas responsabilidades para com estas pessoas e que enviassem embarcações de salvamento, o que não aconteceu", afirmou a porta-voz da OIM, Safa Msehli, em declarações em Genebra (Suíça).
A representante acrescentou que estas chamadas de emergência são feitas de forma regular aos países, chamadas essas "que rejeitam ou que chegam tarde demais".
Na quinta-feira, a Alarm Phone (organização que recebe as chamadas de emergência feitas por embarcações de migrantes que se encontram em perigo em alto mar) já tinha denunciado, através da rede social Twitter, uma inércia por parte das autoridades.
"Alertámos as autoridades há 27 horas. O que estão a fazer?", afirmou na altura a organização.
A inação denunciada pelas organizações terá provocado a morte de todos os ocupantes de uma embarcação precária que o navio "Ocean Viking" procurava desde quarta-feira nas águas do Mediterrâneo, ao largo da costa da Líbia, depois de ter sido informado que existiam migrantes em perigo no alto mar.
Organizações humanitárias estimaram hoje em 130 o número de migrantes vítimas deste novo um naufrágio no Mediterrâneo, após o "Ocean Viking" ter avistado na quinta-feira 10 cadáveres no mar.
A par desta embarcação, a OIM indicou que outras duas embarcações com migrantes e refugiados a bordo zarparam nos últimos dias da Líbia.
Uma dessas embarcações tinha 103 pessoas a bordo, mas foi intercetada pela guarda costeira líbia e os migrantes foram devolvidos ao país, que não é considerado um "porto seguro", e posteriormente detidos.
"Existem informações sobre uma terceira embarcação que levava 40 pessoas, mas não temos mais notícias. Está no mar há três dias e tememos o pior", disse a porta-voz da OIM.
Com a confirmação deste novo naufrágio, pelo menos 650 migrantes morreram desde 01 de janeiro de 2021 no Mediterrâneo, a grande maioria na chamada rota do Mediterrâneo Central (que sai da Tunísia, Argélia e da Líbia em direção à Itália e a Malta), considerada como a mais perigosa e mortal.
SCA (FPA) // FPA
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