
O escândalo de corrupção, em Espanha, que tem manchado o PSOE, com reflexos no Governo, teve mais um desenvolvimento embaraçoso esta segunda-feira para o líder, Pedro Sánchez. O Supremo Tribunal de Espanha colocou esta segunda-feira Santos Cerdán - ex-secretário da Organização do PSOE - em prisão preventiva, sem possibilidade de caução, pela suspeita de prática de crimes de organização criminosa, suborno e tráfico de influências, por alegadamente ter feito arranjos em adjudicações de obras públicas a troco de comissões.
O juiz Leopoldo Puente tomou a decisão, proposta pela autoridade contra a corrupção (Fiscalía Anticorrupción) e pelas acusações particulares deduzidas contra o antigo dirigente socialista pelo Partido Popular (direita), com base no risco de fuga e destruição de provas.
Também estão implicados no caso o ex-ministro dos Transportes José Luis Ábalos e o seu assessor Koldo García. Pedro Sánchez, que estava na Cimeira da ONU em Sevilha, escusou pronunciar-se sobre a decisão, mas insistiu que o partido tinha "feito o que tinha de fazer, e que agora era o momento da justiça", noticiou o "El País".
Enquanto figuras gradas do PP vão dizendo que Pedro Sánchez pode não ter condições para continuar a presidir ao Governo, mesmo no PSOE há vozes importantes a falar em consequências. Emiliano García-Page, presidente da autonomia de Castilla-La Mancha, assinalou hoje, citado pelo "El País", que não se podem apresentar como vítimas aqueles "que foram determinantes na trajetória política de Cerdán, uma forma de apontar a Sánchez sem o mencionar
Já o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, também manifestou confiança na justiça e nas forças de segurança, negando que o Governo tenha um plano para decapitar a Unidade Central Operativa da Guardia Civil, para travar as investigações que afetam o PSOE.
A coordenadora do Movimento Sumar (plataforma que junta várias esquerdas), Lara Hernández - que apoia o Governo do PSOE - disse hoje que a prisão preventiva de Cerdán obriga o seu partido a "uma reflexão", isto depois de já ter recusado comentar "processos judiciais em curso". "Respeito a decisão, que caia que tem de cair", afirmou a responsável, citada pelo mesmo diário espanhol.