
Com o argumento de que quer preparar a empresa para o futuro, a Altice tem em curso um programa de saídas voluntárias que comunicou aos 6300 trabalhadores no início da semana. Haverá rescisões amigáveis, pré-reformas e incentivos à reforma para pessoas acima dos 60 anos, e os trabalhadores têm até 31 de julho para manifestar o seu interesse, avançou o ECO e confirmou o Expresso.
A Altice não comenta e recusa-se a apontar o número de saídas que pretende alcançar com este plano ou divulgar detalhes do plano de reestruturação, mas sindicatos que representam os trabalhadores do grupo, citados pela Lusa, afirmam que as rescisões amigáveis jjá abrangeram cerca de 200 pessoas. E avançam que o objetivo é chegar aos 400 trabalhadores, num universo de 6300 pessoas.
As estruturas sindicais reuniram-se com a presidente executiva (CEO) da Altice a 25 de junho para discutir “a transformação que vai acontecer na empresa”, e que é o argumento do grupo para avançar com este plano de rescisões.
O objetivo da Altice Portugal, ativo que o acionista controlador Patrick Drahi tem tido à venda, é adaptar a empresa à nova realidade do setor, que diz estar em profunda reestruturação.
Mas ainda há muito por esclarecer. O sindicato sublinha que “ainda não sabe qual vai ser o futuro dos data centers da Covilhã", mas foram realizados "muitos investimentos na rede", que "quer passar a ser um operador digital”, indicando ainda que o objetivo é “reforçar todos os segmentos de mercado”.
“Mas para os sindicatos, como lhe foi transmitido, tudo isto que a CEO pretende só se consegue com trabalhadores satisfeitos, valorizados e com melhores salários”, indicaram, sendo que, em relação aos trabalhadores, a empresa “pretende apostar no talento" e no "crescimento tecnológico”, para além de desenvolver competências. Para que isso aconteça “tem que haver mais agilidade organizacional”.
“Para a empresa é fundamental haver alterações de comportamento, é preciso servir mais e melhor e ter ambição. Não se pode continuar no paradigma do passado e nesse sentido a empresa criou uma equipa para esse fim”, sublinham.
As condições: dois salários base
“A empresa assume que nem todo o universo de trabalhadores se vai adaptar à mudança e nesse sentido vão dar incentivos para a reforma, plano de pré-reformas, saídas voluntarias e RMA (rescisões por mútuo acordo)”, lê-se no comunicado, citado pela Lusa.
Para as RMA, a base são “dois salários por cada ano”, dois anos “com direito ao plano de saúde” e dois anos de “plano de comunicações”, tendo “que ser demonstrado interesse até ao final do mês de julho”.
“A saída destes trabalhadores seja por despedimentos negociados ou por suspensão de contratos, vai servir para investir em novos trabalhadores com mais competências, alteração das carreiras e potenciar em princípio novos salários”, disseram.
O comunicado é assinado pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisuais (Sinttav), Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Correios e Telecomunicações (SNTCT), o Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT), o Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações, Media e Serviços (Sindetelco), Sindicato das Comunicações de Portugal (Sicomp), Sindicato Nacional dos Quadros das Telecomunicações (TENSIQ), Federação dos Engenheiros (FE) e Sindicato de Quadros das Comunicações (Sinquadros).