Até então chegavam a ser 3.000 os requerentes de asilo anuais, mas em 2020 esse número baixou para cerca de 277, em 2021 para 57.

"De janeiro até agora, junho, recebemos sete", disse o diretor-geral do Instituto Nacional do Apoio aos Refugiados (INAR), Cremildo Abreu.

O responsável falava em conferência de imprensa, por ocasião do Dia Mundial do Refugiado, que se celebra no dia 20.

Para ilustrar a situação, aquele responsável disse que o maior centro de acolhimento de refugiados em Moçambique, em Marretane, província de Nampula, norte do país, viu o número de pessoas que ali viviam baixar em cerca de 60%, nos últimos cinco anos.

O local alberga agora cerca de nove mil refugiados dos cerca de 28 mil requerentes de asilo dispersos por vários pontos do país.

A maioria dos estrangeiros obrigados a fugir para Moçambique são oriundos da região dos Grandes Lagos e do Corno de África, totalizando 97% dos refugiados que o país acolhe.

Fogem de conflitos armados, vários tipos de perseguição e destruição dos meios de subsistência provocada pelo impacto das mudanças climáticas, avançou o diretor-geral do INAR.

Cremildo Abreu assinalou que a diminuição do número de estrangeiros que procuram Moçambique como destino para asilo pode significar que o país está a deixar de ser "atrativo" para os refugiados, qualificando como "complexas as razões" dessa situação.

"É possível que Moçambique já não seja um local atrativo para busca de refúgio, mas é necessário percebermos e analisarmos como é que está a situação a nível regional, para ver se a nível dos outros países [da África Austral], a situação também é a mesma", observou Abreu.

Em sentido inverso, há mais refugiados a deixar Moçambique, porque regressam voluntariamente aos seus países ou escolhem um terceiro Estado para viver, acrescentou o diretor-geral do INAR.

O Estado moçambicano, prosseguiu, continuará empenhado em assegurar a proteção e assistência aos refugiados, permitindo o regresso voluntário aos países de origem, escolha de um terceiro país ou integração no território nacional, em condições de dignidade.

Números divulgados pelo ACNUR por ocasião do Dia Mundial do Refugiado referem que mais de 100 milhões de pessoas fugiram das suas casas em todo o mundo, incluindo deslocados internos, devido a perseguições, conflitos, violência, violações dos direitos humanos e outros eventos de perturbação da ordem pública.

Em Moçambique, há 784 mil deslocados internos devido ao conflito armado na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), uma situação que já deixou cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a SADC permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.

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