
"Em relação à pandemia, não houve progresso, o país demonstrou-se incapaz, não só do ponto de vista de estratégias, como de despertar nos cidadãos comportamentos adequados, como também não conseguiu criar mecanismos de diagnóstico, apetrechar os centros hospitalares com meios técnicos, treinar profissionais da saúde para uma abordagem mais adequada nesta difícil luta", afirmou Rui Jorge Semedo.
O investigador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa guineense salientou também que no início da pandemia no país o combate à doença foi politizado e que só depois as autoridades "se começaram a dar conta dos erros cometidos e a consequência é o registo do aumento de número de casos e mortos".
Com cerca de 1,7 milhões de habitantes, a Guiné-Bissau regista desde março um total acumulado de 1.614 casos de infeção por covid-19 e 22 vítimas mortais.
"Já estamos na sétima fase do estado de emergência, mas sem avanços visíveis e a circulação nas ruas, quer em Bissau, quer no interior, continua a ser feita com toda a normalidade, porque as pessoas continuam a ir atrás do que comer", afirmou Rui Jorge Semedo.
O analista lembrou também que a Guiné-Bissau não é um país desenvolvido o que "está a contribuir para o alastrar da situação".
No âmbito do combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, decidiu prolongar o estado de emergência no país até 25 de julho.
"Talvez com isso vamos ver o que de novo vai acontecer, mas a situação continua difícil e preocupante e nos últimos dias muitos jovens têm morrido por covid-19", salientou.
Para Rui Jorge Semedo, a falta de oxigénio nos hospitais demonstra também que a "situação é anormal e de irresponsabilidade pública".
"Esperava-se de tudo, menos a falta de oxigénio para poder socorrer as pessoas que precisam de apoio", salientou.
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