
Em despacho do gabinete do primeiro-ministro, publicado ao final do dia de hoje em Boletim Oficial, é reconhecida a necessidade "de se fazer conter, na ilha do Sal, a evolução do contágio da covid-19, que atinge agora números preocupantes".
Cabo Verde regista um acumulado de 392 casos de covid-19 desde 19 de março, com sete óbitos. Já a ilha do Sal, a mais turística de todo o arquipélago, soma 71 casos de covid-19, um dos quais resultou em óbito, todos registados desde 01 de junho.
O despacho governamental leva em conta igualmente "a urgência de se adaptarem, 'in loco', mecanismos de colaboração institucional entre todos os organismos e serviços com responsabilidades no domínio da proteção civil", mas também "reforçar a coordenação técnica e operacional".
Por um período de 15 dias, são assim delegados no ministro do Turismo e dos Transportes, Carlos Santos, "plenos poderes" para representar o Governo na "planificação e coordenação política e operacional das ações para a mitigação e resposta à propagação da covid-19 na ilha do Sal", bem como "superintender e tutelar todas as instituições e serviços desconcentrados na dependência do Governo" em matéria de prevenção, mitigação e tratamento da doença.
Deverá ainda coordenar as ações do Governo para a implementação das medidas de proteção à população daquela ilha e "garantir a articulação necessária com o poder local".
O primeiro-ministro anunciou na terça-feira, numa visita de poucas horas à ilha, um plano de intervenção para o Sal, travando o desconfinamento em curso, devido ao aumento de casos de covid-19, mas que até final de maio não tinha casos da doença confirmados.
"Devemos colocar a situação do Sal num quadro de alguma preocupação, não de dramatização, não de alarme. Mas um quadro que exige a participação de todos", disse Ulisses Correia e Silva.
Desde o início do mês que Cabo Verde está a aplicar, progressivamente, medidas de desconfinamento, após cerca de dois meses de estado de emergência (diferenciado por ilhas), as quais vão agora ficar sem efeito na ilha do Sal.
"É preciso entender e reforçar a mensagem de que o Sal não está na mesma situação que se encontrava antes, por isso, não se pode continuar com as mesmas práticas e a mesma forma de funcionar", disse, referindo que ainda hoje será publicada uma resolução do conselho de ministros "para alterar o quadro de desconfinamento na ilha".
Recordou que quando foi aprovado o plano de desconfinamento para o arquipélago, atualmente em vigor, "não havia casos positivos de covid-19" naquela ilha, cenário que "agora é diferente".
"Por esta razão, visitas aos lares de idosos, prisões, hospitais, centros de saúde, cujas restrições seriam levantadas no dia 15 [de junho], vão se estender. Assim como, vamos estabelecer novos horários de funcionamento dos bares, por serem áreas onde a probabilidade de contaminação é mais facilitada", disse ainda.
Garantiu ainda que serão reforçados os meios de fiscalização "para garantir o cumprimento das normas do estado de calamidade e a comunicação nos bairros e comunidades", onde, disse, "muitos comportamentos resultam da falta de noção clara dos riscos".
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 443 mil mortos e infetou mais de 8,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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