"Na segunda-feira os membros indigitados do CNRT para o VIII Governo saem todos, resignam", disse Xanana Gusmão, em conferência de imprensa na sede do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) em Díli, capital de Timor-Leste.
Xanana Gusmão confirmou que saem não só os quadros e militantes do CNRT mas também outros membros do Governo indigitados pelo partido aquando da formação do executivo, inclusive figuras independentes.
"Em termos políticos o CNRT já não faz parte do Governo. E para não estar a criar confusões, no dia 25 saem todos", explicou.
"Se saem todos, formalmente, a maioria que apoiava este Governo deixa de existir", considerou.
O atual Governo tem vários membros indigitados pelo CNRT, incluindo alguns 'pesos-pesados', entre os quais o ministro de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Agio Pereira, o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Dionísio Babo Soares e a ministra da Educação, Juventude e Desporto, Dulce de Jesus Soares.
Foram ainda indigitados pelo CNRT, entre outros, a vice-ministra das Finanças, Sara Lobo Brites -- atual ministra interina -- e os secretários de Estado da Juventude e Desporto, Nélio Isaac Sarmento, das Cooperativas, Arsénio Pereira da Silva, da Arte e Cultura, Teófilo Caldas e dos Assuntos dos Combatentes, Gil da Costa.
Xanana Gusmão explicou que a decisão foi tomada numa reunião alargada das estruturas superiores do CNRT, na sexta-feira, que analisou a atual situação política, incluindo o que o partido diz ter sido o "assalto ao poder" no parlamento com a "destituição ilegal" de Arão Noé Amaral do cargo de presidente do parlamento.
O responsável do CNRT já tinha informado há cerca de duas semanas o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, da saída da sua força política do executivo, recomendando aos membros do Governo que se demitissem.
Os membros indigitados ficaram para "facilitar a transição" para os novos titulares, mas agora, explica, para evitar confusão, vão todos apresentar a sua demissão.
"Para o Governo tem de haver uma nova maioria e acreditamos que a Fretilin com o PLP e o KHUNTO vão dar essa maioria. Ainda que a lei exija que a associação em coligações tem de ser aprovada por conferências ou congressos dos partidos", afirmou.
"Neste caso, porém, como usam a expressão plataforma de entendimentos, e isso não está na lei, o tribunal diz que se pode avançar. E assim ficamos sem acreditar na lei. Que é letra morta", considerou.
Xanana Gusmão disse que as decisões do Tribunal de Recurso sobre alguns dos acontecimentos políticos do país "vão variando de acordo com a interpretação que cada um faz à sua maneira" das leis em vigor, neste caso a lei dos partidos políticos.
"Os artigos são normativos. Mas se só se aplicam de vez em quando, perde-se todo o espírito da lei, perde-se o sentido daquelas exigências", disse.
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