De cravo vermelho ao peito, na mão, na mochila ou atrás da orelha, miúdos e graúdos arrancaram da Praça da República, por volta das 15:30, gritando "25 de Abril Sempre, fascismo nunca mais".

Entre os manifestantes despontava um cravo vermelho com 1,60 de altura, que Carla Dionísio construiu com papel Eva, com 50 pétalas, uma por cada um dos 50 anos que a revolução assinala.

"A democracia e a liberdade é o que temos de mais importante. Não podemos adormecer em democracia, principalmente quando temos 50 fascistas no nosso parlamento", afirmou.

Já uma estudante de 19 anos, que frequenta o curso de Serviço Social, decidiu gravar o símbolo da revolução de Abril de 1974 no antebraço.

"Fiz esta tatuagem há um anito. O 25 de abril é o meu dia favorito do ano, aquele que nos transmite o quanto é importante a nossa história e que temos de continuar a lutar pela nossa democracia, que não podemos ter como dado adquirido", destacou Fabiana Pereira.

A comissão organizadora das comemorações populares dos 50 anos do 25 de Abril, em Coimbra, convocou toda a cidade a participar na manifestação popular, que rumou até ao Pátio da Inquisição, "com tanta gente como nunca se viu".

"É muito importante que se celebre esta data redonda. Mas é ainda mais importante que se saiba que temos de continuar a lutar pelos valores conquistados", evidenciou Fátima Rodrigues, de cravo vermelho em riste.

A Academia de Coimbra juntou-se à manifestação popular com cerca de 500 estudantes, levando a Cabra, a torre da Universidade de Coimbra, num andor.

"A Cabra está com uma imagem degradada, refletindo o estado do ensino superior. Em baixo estão os cravos vermelhos a tentar reparar as deficiências do ensino superior", explicou o presidente da direção-geral da Associação Académica de Coimbra, Renato Daniel.

Segundo a coordenadora da União dos Sindicatos de Coimbra, Luísa Silva, aderiram às comemorações populares cerca de 140 organizações, participando mais de uma centena na manifestação popular desta tarde.

"Para comemorar Abril, não são precisas entidades, basta a união das pessoas, mas temos pena que a Câmara Municipal não tenha aderido e tenha tido uma agenda autónoma, na qual contamos participar mais logo", garantiu.

À manifestação popular foram trazidas várias reivindicações, da saúde à educação, da cultura ao trabalho, das questões internacionais à própria democracia e liberdade.

Com as tarjas misturaram-se bandeiras da paz, a bandeira nacional e vários cartazes em papelão empunhados por um grupo de 21 elementos oriundos da Galiza.

"Decidimos vir de propósito para participar nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril. Decidimos vir dizer que o fascismo não passará", alegou Maria Villaverde.

Segundo a PSP de Coimbra, participaram na manifestação popular de hoje cerca de 8.500 pessoas. Em 2023, contou com cerca de três mil.

CMM // JPS

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