"É uma medida extraordinária, tomada num contexto de crise, pelo que tivemos que adaptar para poder responder a esta emergência. Acima de 50% das cantinas estarão a funcionar neste momento, beneficiando igualmente mais de 50% dos alunos", deu conta Amadeu Cruz, em conferência de imprensa, na cidade da Praia.

Cabo Verde vive uma tripla crise, provocada pela seca, a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, o que levou o Governo a adotar várias medidas de estabilização de preços dos combustíveis, dos produtos alimentares e dos transportes, dirigidas às pessoas mais vulneráveis.

Há um mês, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou que as cantinas escolares iriam funcionar durante as férias dos alunos, que começam em finais de junho, abrangendo cerca de 20% da população do país, e a mais vulnerável, que são as crianças e os adolescentes.

Cerca de 130 mil crianças e jovens iniciaram em setembro o ano letivo, no regresso presencial e com carga horária completa, após dois anos letivos de condicionalismos devido à covid-19.

Do total, cerca de 16.500 frequentaram os jardins-de-infância, 83.500 o ensino básico obrigatório (do 1.º ao 8.º ano de escolaridade) e cerca de 30.000 o ensino secundário (do 9.º ao 12.º ano de escolaridade).

O ministro da Educação disse que as autoridades vão continuar a avaliar a medida, mas garantiu que os funcionários, gestores e cozinheiras estão atentos para responder a esta demanda.

No interior da ilha de Santiago e Santo Antão, e sobretudo os concelhos rurais, são onde residem as maiores dificuldades, ainda segundo o ministro, apontando igualmente as periferias das cidades, concretamente da Praia, capital do país.

Desde 2017 que o país tem enfrentado sucessivos anos de seca, com consequente redução da produção agropecuária e do rendimento das famílias, especialmente no meio rural, contribuindo também para a deterioração da segurança alimentar e nutricional das famílias e para a redução da disponibilidade da água para o abastecimento público e para a agricultura irrigada.

Dados avançados recentemente estimaram que cerca de 107 mil pessoas se encontravam sob pressão em termos alimentares e cerca de 30 mil em situação de insegurança alimentar em Cabo Verde.

Em fevereiro último, o Governo declarou situação de calamidade no país até 31 de outubro, devido aos maus resultados do ano agrícola, e anunciou medidas preventivas e especiais.

O primeiro-ministro cabo-verdiano declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra na Ucrânia, anunciando mais medidas de mitigação, com um custo total de mais de 80 milhões de euros.

A declaração da situação de emergência social e económica vai permitir mobilizar recursos junto dos parceiros internacionais.

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