O centro de artes vai funcionar também como uma residência artística, num edifício com mais de 20 pisos e uma galeria de exposições para trabalhos lusófonos, da China continental e de Macau, território que Pequim definiu estrategicamente para fazer a ponte com os países de língua portuguesa.

"O prédio vai ter mais de 20 andares. (...) Esperamos em 2022 ter obra feita e fazer as exposições de arte" num edifício que pode acolher mais de 100 pessoas, sendo que o investimento atualmente situa-se entre os "250 e 300 milhões de patacas [21 e 31 milhões de euros]", explicou o presidente da Associação Comercial Internacional para os Mercados Lusófonos no decorrer do lançamento da primeira do Centro de Artes da China, Macau e Países de Língua Portuguesa.

"Todos os países lusófonos são bem-vindos a Macau" e há planos para subsidiar o transporte dos artistas, em especial daqueles que "são muito pobres, em início de carreira", para reforçar "ainda mais a amizade com o povo de língua portuguesa", acrescentou Eduardo Ambrósio, cuja associação deu apoio à organização do evento.

"Como artista", o investidor chinês que financia inteiramente o projeto, conhece as dificuldades daqueles que estão a arrancar com a sua carreira e "quer oferecer a Macau o que ganhou com Macau", salientou.

Nascido em Sanshui, na província de Guangdong, o benemérito Ieong Tai Meng é um dos artistas chineses mais conceituados e premiados internacionalmente, assim como um importante académico que tem desempenhado um papel fundamental na formação de novos talentos artísticos em Macau.

"Sempre adorei esta indústria e esta carreira, por isso queria dar a minha pequena contribuição para reunir e ajudar os artistas lusófonos, criando mais atividades no futuro e servir Macau", explicou à Lusa, sem adiantar o montante investido.

"Este centro de arte já tem sido preparado há mais de um ano e já fizemos um registo como Associação de Artista de Macau, China e Países Lusófonos. Através desta oportunidade, esperamos criar um centro, aumentando os encontros com as artistas dos países lusófonos", afirmou Ieong Tai Meng, à margem do evento.

Para o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, trata-se de um projeto "que vai cimentar (...) a cooperação cultural que já existe entre a China e os países de língua portuguesa", sobretudo porque vai "passar a existir um sítio onde vai haver um centro de exposições onde os artistas podem ser acolhidos, onde podem tomar as suas refeições, onde podem ter encontros com outros artistas deste grupo de países".

"Penso que a questão da cultura e da língua são fundamentais para aprofundar as relações entre os povos. Prezo muito a diplomacia económica, (...) mas a diplomacia cultural é muito, muito importante, porque no fundo é aquela que vai permitir laços mais aprofundados entre os povos", defendeu Paulo Cunha-Alves.

Já o cônsul-geral de Moçambique em Macau, Rafael Custódio Marques, sustentou a importância desta infraestrutura, "que vai facilitar o intercâmbio cultural ao nível dos países de língua portuguesa" e "perpetuar a cooperação que já existe e que é muito boa".

Por sua vez, o cônsul-geral de Angola em Macau, Eduardo Velasco Galiano, sustentou que qualquer projeto "que vem beneficiar os países de língua portuguesa é bem-vindo, é bem recebido" e salientou um ponto essencial nas relações entre os povos: a de que "existem outros pontos de interesses, para além dos económicos".

JMC/CZL // EA

Lusa/Fim