
Contudo, o que se verifica ainda hoje é que várias zonas continuam a ser chamadas popularmente pelos nomes coloniais, como por exemplo o Bairro Alvalade, que depois da independência passou a chamar-se Bairro Maianga. Aliado a isso, em muitas artérias de Luanda com nomes oficiais nacionais as placas toponímicas exibem ainda nomes coloniais, como é o caso da rua Kariphande, antigamente denominada "28 de Maio".
A elaboração do último Roteiro Toponímico da Cidade de Luanda, em 1982, esteve a cargo do então Ministério da Coordenação Provincial, atualmente Ministério da Administração do Território de Angola.
De lá para cá, segundo o diretor do Gabinete Provincial de Cultura de Luanda, Manuel Sebastião, foi criada uma comissão provincial de Toponímia para a atribuição de nomes aos bairros, ruas, avenidas e praças.
Constituída em 2011, esta comissão tem igualmente a tarefa de realizar a inventariação, correção e regularização das situações já existentes.
O governo da Província de Luanda reconhece que os aglomerados populacionais na capital angolana cresceram significativamente, muitos deles sem planeamento ou acompanhamento técnico adequado.
A esses aglomerados foram atribuídos nomes pela população residente sem a observância de qualquer formalismo legal, bem como a fixação de placas toponímicas com a designação das ruas e praças.
Em declarações à agência Lusa, Manuel Sebastião considera a questão da toponímia da cidade de Luanda "um exercício de cidadania, que urge retomar-se".
"Hoje verificamos com muita tristeza angolanos que tratam os seus documentos de identificação, Bilhetes de Identidade, e outra documentação necessária administrativa, no lugar da morada vem rua sem nome, sem número. Isto consta em muitos Bilhetes de Identidade", lamentou o responsável.
Manuel Sebastião frisou que o processo está por concluir fruto das várias mudanças de liderança do governo da Província de Luanda, mas um concurso sobre Placas Toponímicas e Números de Polícia chegou a ser realizado em 2010.
"O trabalho é válido, estamos certos, que quando se retornar, de acordo com o novo despacho que será elaborado brevemente pelo governador da província a atualizar a comissão, este dossiê será retomado e então se encontrará o modelo de placa", referiu.
Segundo o responsável, a regularização e atualização das placas toponímicas do casco urbano de Luanda é igualmente uma situação "que se impõe", na medida em reconhece ser "uma falha".
"É verdade que algumas ruas e avenidas conservam ainda os nomes e as placas dos nomes antigos embora oficialmente tenha mudado de nome. É uma tarefa, falando do casco urbano da cidade de Luanda, que a Comissão Administrativa de Luanda terá depois a seu tempo de cuidar desta questão", comentou.
NME // PJA
Lusa/Fim