Numa altura em que a contagem está praticamente terminada e os resultados apontam a necessidade de uma segunda volta, em 19 de abril, Mari Alkatiri disse à Lusa ter já contactado os líderes dos partidos, Taur Matan Ruak (Partido Libertação Popular (PLP) e José Naimori (Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).

"Sim, falei com os dois. As conversas foram positivas", disse, afirmando que não tem dúvidas de que ambos apoiarão Francisco Guterres Lú-Olo na segunda volta.

Sobre o facto de Armanda Berta dos Santos, presidente do partido, ter conseguido o terceiro lugar nas presidenciais, com cerca de 8,7% dos votos, Alkatiri disse que o resultado "tem de ser reconhecido".

Nas últimas eleições legislativas em que concorreu sozinho, o KHUNTO obteve 7,41% dos votos, podendo o resultado de sábado confirmar um reforço da influência do partido que já controla cinco lugares no parlamento e que tem sido decisivo para as alianças de governação.

"Vamos ver nas eleições legislativas de 2023 a que isso corresponde. Mas naturalmente que ela teve uma boa votação e temos que reconhecer isso", considerou.

Oficialmente, recorde-se, Francisco Guterres Lú-Olo contou com o apoio institucional da Fretilin na sua candidatura, apesar de outros militantes do partido terem concorrido, com destaque para o ex-comandante.

No que se refere ao ex-comandante das forças armadas, que vincou sempre ser militante do partido -- as bandeiras da Fretilin dominavam as suas ações de campanha -- Alkatiri disse que está já a ser agendado um encontro entre ambos, estando apenas a aguardar-se a conclusão do apuramento final.

Recordando que Lere sempre se afirmou da Fretilin, e que "ninguém tem dúvidas de que tem a Fretilin no sangue", Alkatiri mostrou-se convicto que apoiará a candidatura do partido.

Mari Alkatiri disse que agora, na segunda volta, as coisas serão "diferentes", com uma campanha que procurará "reforçar a aliança" da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) com a população.

"Este resultado já foi. Agora vai para os arquivos. Vamos começar uma nova eleição e claro que a anterior tem influência, mas uma nova eleição só com dois e não 16", disse, considerando que historicamente Lú-Olo parte para o voto com um apoio do partido de mais de 30%.

Confrontado com o facto de José Ramos-Horta, vencedor da primeira volta, partir em vantagem, com quase metade dos votos, Alkatiri aludiu ao alegado uso pela campanha do ex-Presidente de "dinheiro para corromper consciências".

A contagem em Timor-Leste está praticamente concluída, faltando apenas 15 atas correspondentes a um total de cerca de 62 mil eleitores recenseados, sendo que tendo em conta a média de abstenção traduz aproximadamente 45 mil votantes.

José Ramos-Horta é o candidato mais votado, com 290.386 votos e 46.33% do total, à frente de Francisco Guterres Lú-Olo, com 22,29%, Armanda Berta dos Santos com 8,74%, Lere Anan Timur com 7,54% e Mariano Sabino com 7,3%.

Depois do final do escrutínio pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), há ainda o processo de verificação e validação final pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que inclui a verificação de votos reclamados.

 

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