
"Este é um programa de Governo que deveria olhar para o futuro, mas que na verdade aquilo que faz é olhar para o passado e para um passado de má memória que nos faz lembrar os tempos da 'troika'. As semelhanças são claras e estão alicerçadas no enfraquecimento das responsabilidades do Estado em áreas essenciais", argumentou o deputado Jorge Pinto, em declarações aos jornalistas no parlamento.
O deputado do Livre considerou que o programa do XXV Governo Constitucional -- que será debatido no parlamento na terça e quarta-feira -- demonstra que o Governo pretende demitir-se das suas funções em áreas como o Serviço Nacional de Saúde, educação e habitação, e atacar os direitos laborais, "desde logo o direito à greve".
"Nós precisaríamos de um programa de Governo forte, ambicioso, com rasgo e com originalidade. Nada disto nos é trazido. Tudo aquilo que nós temos é um olhar para o passado, é um olhar para trás, é pouca ambição e é sobretudo uma assunção de falta de capacidade deste Governo em dar respostas às necessidades urgentes dos portugueses", sublinhou.
Interrogado sobre se, face a estas críticas, o Livre vai votar favoravelmente a moção de rejeição ao programa de Governo apresentada pelo PCP, Jorge Pinto respondeu que ainda não recebeu o texto e realçou que o partido, por hábito, não divulga a sua posição de voto antes da votação, apesar de se distanciar do documento apresentado pelo executivo.
Jorge Pinto acusou ainda o executivo de apresentar no documento medidas que não propôs durante a campanha eleitoral para as legislativas do mês passado, dando como exemplo "o ataque à lei da greve".
Minutos depois de o Governo ter divulgado que incluiu 80 medidas da oposição no programa do executivo PSD/CDS-PP, incluindo seis do Livre, o deputado acusou o executivo de levar a cabo "um monólogo mascarado de diálogo".
"Por muito que goste de jogos de tabuleiro não gosto muito deste quem é quem por parte do Governo, que diz que inclui propostas de todos os partidos, incluindo do Livre e nós nem sabemos que propostas são. (...) Pegar numa ou outra proposta, se calhar até inócua quando incluída individualmente e não no pacote em que foi apresentada, diz muito pouco sobre esta vontade de diálogo", criticou.
ARL (SMA) // JPS
Lusa/Fim