
O debate nas rádios marcou o segundo dia da campanha para as legislativas de 18 de maio, em que os líderes discutiram cenários pós-eleições e Cavaco Silva entrou na campanha em defesa do primeiro-ministro.
Depois do confronto na RTP no domingo à noite, os líderes dos partidos com representação parlamentar voltaram a defrontar-se hoje de manhã no debate nas rádios em que a estabilidade política e a governabilidade foram um dos temas em cima da mesa.
Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos apelaram ao voto útil, respetivamente na AD (PSD/CDS-PP) e no PS, enquanto o porta-voz do Livre Rui Tavares alertou para uma possível "maioria constitucional" à direita e André Ventura não excluiu a hipótese de viabilizar um novo Governo minoritário chefiado por Luís Montenegro.
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Regressado à campanha, o líder socialista participou depois num almoço da Confederação do Turismo de Portugal, em Lisboa, onde o presidente daquela organização, Francisco Calheiros, considerou "provável que a direita chumbe o seu governo" se o PS ganhar as eleições, mas houver uma maioria de direita.
"Era só o que faltava", respondeu Pedro Nuno Santos, entendendo que não seria um favor ao PS, mas um sinal de respeito para com "o país e os portugueses" e para com "um partido que quando estava na oposição deu estas condições de governabilidade à AD".
Luís Montenegro seguiu dos estúdios da RTP para o Cadaval, onde esteve com agricultores da região do Oeste e a quem prometeu aliviar regras burocráticas e tornar o setor mais autossustentável, reduzindo gradualmente o défice comercial, mas sem qualquer protecionismo e com acordo fechado com o Mercosul.
O segundo dia de campanha da AD ficou também marcado pelo apoio do antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, que, num artigo de opinião publicado no Observador, saiu em defesa do primeiro-ministro que considera ter sido alvo de uma "campanha de suspeitas e insinuações" da oposição e de "alguma comunicação social", centrada "em boa parte" na devassa da sua vida privada.
Além de Cavaco, o PSD anunciou hoje que vai juntar quase todos os ex-líderes do partido, incluindo também Passos Coelho, Marques Mendes e Rui Rio, num almoço na sede nacional na terça-feira, participações que mereceram críticas, à direita, do líder do Chega.
"Nós não estamos aqui com históricos. Nós não queremos estar com históricos, nós queremos olhar para o futuro. Eu não quero dar a Portugal um passado, esse, Portugal já tem", afirmou André Ventura no arranque de uma arruada em Santarém.
Ainda em Lisboa, Rui Tavares considerou que se sente uma "enorme acrimónia" nos partidos políticos à direita e alertou que, em caso de vitória destes, criar-se-á uma "grande instabilidade" no país.
Também o líder da IL voltou a comentar cenários pós-eleições, mas para defender que a campanha eleitoral não é o momento para "decidir coligações" e sim para discutir propostas.
A propósito de propostas, aproveitou a arruada na capital para prometer aos jovens que o seu partido irá mudar o país, mas, sem "soluções mágicas", essa mudança demorará.
A poucos quilómetros, de visita a uma escola na freguesia da Penha de França, em Lisboa, a coordenadora nacional do BE, Mariana Mortágua, acusou a direita de ser uma ameaça para a escola pública e alertou para "projetos perigosos" como o da IL, que quer reduzir o número de funcionários administrativos.
A CDU (Coligação Democrática Unitária - PCP e Partido Ecologista "Os Verdes") regressou à campanha no Couço, vila de Coruche conhecida pela resistência antifascista, onde Paulo Raimundo agradeceu a coragem de mulheres e homens daquela vida na ditadura, mas lembrou que "a luta ainda não acabou".
No Porto, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, responsabilizou o PS e o PSD pela não aprovação da licença parental paga a seis meses e garantiu que, se for eleita, voltará a insistir na próxima legislatura.