“Olá, tudo bem? Sou a AntónIA”, apresenta-se. “E estou aqui para ajudar com informações sobre as propostas dos programas eleitorais para as Eleições Legislativas 2025”.

Impostos, pensões, habitação. Também educação, saúde, ambiente. Seja qual foi o tema de maior “interesse” – ou peso na hora do voto - para cada um, pode-se ficar, numa questão de segundos, a conhecer as propostas partidárias sobre ele. Como? Interagindo com a AntónIA.

Os utilizadores podem fazer questões sobre as propostas relativas a “um tema” ou a “um partido” e, “até, comparar partidos e propostas entre partidos”, explica Rui Lira, criador desta “ferramenta”, que diz querer que contribua “para um voto informado”.

Para além de no website, é possível comunicar com a AntónIA nos chats do Messenger e do Instagram.
Para além de no website, é possível comunicar com a AntónIA nos chats do Messenger e do Instagram. Expresso

“Normalmente muito pouca gente acede [aos programas partidários] e, obviamente, as pessoas não têm nem tempo nem energia para ler programas de 100, 200 páginas para se aconselharem sobre o seu voto”, comenta.

“As pessoas podem tirar as suas ilações a partir da interação com a IA”

A AntónIA torna a informação “mais clara e acessível para todos”. Depois, "as pessoas podem tirar as suas ilações a partir da interação com a IA”, diz Rui Lira.

O propósito é, “mais do que uma ferramenta informativa”, ser uma “iniciativa cívica”. “Não é por acaso que a criação sai desta forma”, diz Rui Lira. “Poderia ser uma brincadeira qualquer, mas acaba por ser para um propósito muito sério, porque permite que o cidadão fique mais perto de um tipo de informação que é difícil de aceder”, acrescenta.

AntónIA surge da curiosidade e envolvimento com temas políticos de um designer

Sendo designer de formação, a ideia de desenvolver a AntónIA, surgiu a Rui Lira, sobretudo, vinda de um “espírito de curiosidade”. “Tenho andado a explorar algumas destas novas ferramentas de IA, porque gosto de entender como é que estas tecnologias vão evoluir e o que é que elas permitem às pessoas fazer”, diz.

Estando também envolvido com “temáticas políticas”, no âmbito do Mestrado em Filosofia, Política e Economia que frequenta, os “pensamentos cruzaram-se”.

Rui Lira desenvolveu e criou sozinho a plataforma.
Rui Lira desenvolveu e criou sozinho a plataforma. Expresso

AntónIA está também presente nas redes sociais

A AntónIA tem cara, voz e também já redes sociais, como Instagram e Tiktok. Tem até um Podcast, “Tempo de Antena”, em que apresenta as ideias-chave dos programas ou manifestos dos partidos.

Plataforma é apenas alimentada pelos programas eleitorais dos partidos

É “unicamente” por estes programas eleitorais, “disponíveis em domínios públicos”, ou, nos casos em que estes não existam em formato de documento, “pelos links dos websites partidários”, que a AntónIA é alimentada.

Sempre, reitera Rui Lira, “por fontes oficiais dos partidos”. São somente estas que baseiam as respostas “sem interpretações nem filtros ideológicos” dadas por AntónIA no website ou nos chats do Messenger e do Instagram.

A plataforma está, também, a ir sendo atualizada para acompanhar desenvolvimentos da campanha e novos dados divulgados pelos partidos.

Plataforma está a ser monitorizada e tem instruções para não responder a questões sobre as quais não tem informação

Rui Lira não tem ligações institucionais ou partidárias e para concretizar a AntónIA não recebeu financiamento externo.

A plataforma está, para além disso, a ser monitorizada para minimizar erros possíveis. É “muito difícil”, diz o criador, que aconteçam as chamadas “alucinações da IA”.

“O próprio prompt [instrução dada à tecnologia] tem ordens para ser restrito àquela informação” e para, quando as perguntas incidem sobre temas para lá desta, “dizer que não sabe ou que não tem essa informação”, explica.

Ainda assim, admitindo que possam existir “erros no processamento da interpretação” da informação, refere que o “aconselhável é sempre que se consultem os programas originais”. “É uma máquina e pode ter erros como todas têm ainda”, frisa.

Já utilizaram a tecnologia mais de 250 pessoas

Segundo Rui Lira, a AntónIA respondeu já a mais de 3000 mensagens de mais de 250 pessoas, neste que pode ser um “teste” para outros atos eleitorais. “Se correr bem, quem sabe seja uma tecnologia a ser desenvolvida para ser aplicada nas próximas eleições autárquicas ou nas presidenciais”, diz.