Cerca de 110 agentes cumprem 25 mandados de busca e apreensão em residências nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo em busca de provas para o avanço das investigações, segundo um comunicado emitido pela Polícia Federal.

A operação também cumpre o bloqueio dos ativos financeiros dos investigados em contas no Brasil e no exterior até ao limite de 97,6 milhões de reais (15,5 milhões de euros).

Os mandados de busca e apreensão visam três executivos do Banco Paulista, em São Paulo, e outras cinco pessoas ligadas às empresas supostamente utilizadas no mesmo esquema no Rio de Janeiro.

Foram alvo de medidas cautelares três funcionários que trabalharam na gerência de câmbio da Petrobras à época em que ocorreu o alegado esquema criminoso ocorreu e quatro familiares destas pessoas que são suspeitas de participação na dissimulação e na ocultação do dinheiro arrecadado com subornos.

O Ministério Público Federal (MPF) brasileiro explicou, também num comunicado, que as buscas visam aprofundar as investigações relacionadas com o envolvimento de funcionários da Diretoria Financeira da Petrobras numa rede criminosa liderada por altos executivos do Banco Paulista.

"As investigações revelaram que, entre agosto de 2008 e março de 2011, o Banco Paulista intermediou o equivalente a 7,7 mil milhões de reais [1,2 mil milhões de euros] em operações de compra e venda de dólares com a Petrobras, volume transacionado por apenas três funcionários da gerência de câmbio", disseram os promotores do MPF no comunicado.

"Foram encontradas diversas provas de direcionamento indevido de contratos e de majoração artificial das taxas de câmbio, que apontam para prejuízo para os cofres da Petrobras estimado preliminarmente em 18 milhões de dólares [15,1 milhões de euros]", acrescentaram.

Os procuradores também investigam a possível prática de crimes de branqueamento de capitais por parte de empresas inscritas em paraísos fiscais, compra excessiva de bens imóveis e empresas ou através de contratos fictícios de prestação de serviços celebrados entre o banco e empresas dos suspeitos neste caso.

A operação Lava Jato, iniciada em 2014, desvendou um vasto esquema de corrupção envolvendo a petrolífera Petrobras e outros órgãos públicos brasileiros, que levou à prisão de empresários, ex-funcionários públicos e políticos.

As investigações não se limitaram ao Brasil e espalharam-se por uma dezena de outros países da América Latina e de África, cujas autoridades ainda investigam o pagamento de suborno.

Os promotores da Lava Jato, cujo centro de operações fica na cidade brasileira de Curitiba, no sul do país, vivem o seu momento mais difícil, cercados de críticas internas e externas pela suposta falta de transparência e parcialidade nas investigações.

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