A posição dos mais de 50 jornalistas está expressa numa carta que entregaram hoje na sede do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, depois de o porta-voz desta entidade, Feliciano Mahalambe, ter dito aos profissionais da comunicação social para fazerem apenas perguntas sobre o arranque do ano letivo, numa conferência de imprensa convocada para o efeito na segunda-feira.

"O apelo ou o medo de um porta-voz em receber perguntas é infeliz, imaturo e incompatível com o seu cargo", lê-se no documento.

A limitação da natureza de perguntas a serem colocadas pelos jornalistas "é de uma baixaria tremenda", continua-se na carta.

Os subscritores assinalam que, se as entidades estatais entenderem que não há lugar a perguntas, podem recorrer a comunicados, em vez de restringirem a liberdade de imprensa.

Por outro lado, os entraves ao trabalho dos jornalistas podem transformar as matérias noticiosas em mera propaganda, uma vez que veiculam apenas conteúdos de interesse das entidades estatais.

Por seu turno, o Sindicato Nacional dos Jornalistas (SNJ), entidade normalmente criticada pela alegada apatia na defesa da classe, também reprovou a postura do porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, considerando-a um ato de "intimidação".

Em comunicado, o SNJ qualificou ainda a posição de Feliciano Mahalambe de "grosseira interferência no trabalho jornalístico e violação da liberdade de imprensa".

"O SNJ encoraja os profissionais a continuarem a fazer tudo ao seu alcance para que o povo possa exercer o seu direito de ser informado, conforme consagrado na lei", refere-se na nota.

Aquela organização sindical considerou "lamentável a forma como [o porta-voz] destratou os jornalistas em pleno exercício das suas funções".

Na referida conferência de imprensa, Feliciano Mahalambe disse que "não é ético" que os jornalistas coloquem "perguntas alheias" ao motivo que levou à convocação do encontro.

"Nós é que convidamos. Não devem trazer as vossas coisas. Quem recebe convite para casamento, vai ao casamento. Não pode chegar lá, ao noivo, exigir [o pagamento de] dívida", afirmou.

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