Os serviços secretos israelitas acreditam que o Irão está pronto para atacar Israel, como forma de responder ao assassinato do líder político do Hamas. A informação foi avançada por duas fontes ao Axios. Esta segunda-feira, segundo a Lusa, a Guarda Revolucionária do Irão iniciou manobras militares perto da fronteira com o Iraque.
Irão pode estar a preparar-se para atacar Israel: perceba porquê e quem está envolvido
O que aconteceu?
O líder do Hamas, Ismail Haniye, morreu num ataque não reivindicado durante uma visita a Teerão, a 31 de julho. No entanto, o Irão culpou Israel pela morte do líder do grupo palestiniano, apoiado por Teerão. Depois do ataque, alegou ter direito de retaliar uma vez que a agressão ocorreu em solo iraniano.
Na altura, Ismail Haniyeh estava no Irão para assistir à tomada de posse do novo Presidente da República Islâmica, Mahmoud Pezeshkian. A resposta de Pezeshkian passou por uma promessa de fazer com que Israel “se arrependa” por um ato “cobarde”. Também o líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, disse que Israel deve esperar uma "resposta inevitável" do movimento xiita, na sequência do assassinato.
Apesar das ameaças, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o país está "num nível muito elevado de preparação para qualquer cenário, defensivo ou ofensivo", no auge das tensões na região após ataques no Líbano e no Irão.
O que mudou nas últimas horas?
A avaliação dos serviços secretos israelitas indica que o Irão poderá atacar ainda antes das negociações sobre troca de reféns e cessar-fogo em Gaza, que estão previstas para esta quinta-feira.
A Guarda Revolucionária do Irão iniciou manobras militares perto da fronteira com o Iraque. Estas ações visam reforçar as "capacidades de combate e vigilância" das forças iranianas, especialmente na sequência no assassinato. O comandante dos Guardas da Revolução, Ali Fadavi, afirmou que as ordens dadas pelo líder supremo iraniano, o 'ayatollah' Ali Khamenei, sobre a morte do líder do Hamas foram claras e vão ser concretizadas "da melhor maneira possível".
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, alertou para a possibilidade de ataques de retaliação por parte do Irão e do Hezbollah, partido xiita libanês também apoiado pelo regime de Teerão e aliado do Hamas.
Israel mostra-se preparado para possível ataque
O exército israelita aprovou planos para "diferentes frentes" face a um possível ataque do Hezbollah e do Irão. Israel confirmou que o chefe do Estado-Maior General Herzi Halevi se reuniu com altos responsáveis militares para discutir a situação.
"O chefe do Estado-Maior sublinhou a manutenção de um elevado nível de alerta e os esforços de preparação tanto para a ofensiva como para a defesa", refere um comunicado militar na segunda-feira.
EUA em posição face ao risco de uma ofensiva
O secretário da Defesa dos EUA ordenou o acelerar do destacamento de um porta-aviões para o Médio Oriente, face ao risco de uma ofensiva em grande escala contra Israel por parte do movimento xiita libanês Hezbollah, apoiado pelo Irão, ou pelo próprio Irão.
Austin manteve uma conversa com o homólogo israelita, Yoav Gallant, no domingo e ordenou o envio do submarino de mísseis de cruzeiro de propulsão nuclear USS Georgia para a mesma zona, acrescentou Ryder.
Os dois homens discutiram "a importância de reduzir os danos causados aos civis, de fazer progressos no sentido de um cessar-fogo e da libertação dos reféns detidos em Gaza", bem como de dissuadir os grupos apoiados pelo Irão de atacar.
França, Alemanha e Reino Unido "profundamente preocupados com o agravamento das tensões na região"
A França, a Alemanha e o Reino Unido dizem estar "profundamente preocupados com o agravamento das tensões na região", uma vez que "nenhum país ou nação tem a ganhar com uma nova escalada no Médio Oriente".
"Apelamos ao Irão e aos seus aliados para se absterem de ataques que agravem ainda mais as tensões regionais e comprometam a possibilidade de alcançar um cessar-fogo e a libertação dos reféns", pediram os três líderes europeus.
Consideraram que o Irão e os seus aliados, como o Hezbollah libanês e os hutis do Iémen, "serão responsáveis por ações que ponham em causa" qualquer oportunidade de paz e estabilidade na região do Médio Oriente.
Os três países pedem, ainda, "o reinício imediato das negociações" entre Israel e o Hamas. Os líderes dos três países afirmaram numa declaração conjunta que "os combates devem cessar imediatamente e todos os reféns ainda detidos pelo Hamas devem ser libertados".
Também o Vaticano pede ao Irão para evitar aumento do conflito em curso. O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, apelou para o diálogo para evitar uma escalada do "gravíssimo conflito em curso".
Suspensão de voos desde 29 de julho
A suspensão dos voos da Air France e da sua subsidiária Transavia France para Beirute foi novamente prolongada, até quarta-feira, inclusive, devido à situação geopolítica no Líbano, anunciaram esta segunda-feira as companhias aéreas.
A retoma das operações — interrompidas desde 29 de julho devido à "situação de segurança no Líbano" — "será sujeita a uma nova avaliação da situação no local", indicou a Air France, em comunicado enviado à AFP.
Esta suspensão diz respeito às ligações entre Paris-Charles de Gaulle e Beirute, bem como aos voos de e para o Líbano operados pela Transavia France.
Várias outras companhias aéreas suspenderam os voos para a capital libanesa, face aos receios de uma escalada militar entre Israel e o movimento xiita Hezbollah.
Desde 4 de agosto que o Governo português desaconselha “em absoluto” todas as viagens ao Irão. O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) desaconselhou este domingo “em absoluto” todas as viagens para o Irão, devido ao contexto interno do país e à crescente tensão regional e perigo de segurança.
“Considerando o contexto interno em que o país se encontra e a crescente tensão regional e perigo securitário, desaconselham-se em absoluto todas e quaisquer viagens ao Irão”, lê-se num aviso publicado no Portal das Comunidades Portuguesas.