O relatório da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) descreve os desafios que a diplomacia enfrenta nas atuais conversações, destinadas a fazer regressar os Estados Unidos ao acordo nuclear de 2015 com Teerão, uma medida apoiada pelo Presidente dos EUA, Joe Biden.

O anúncio inicial do Irão de que iria iniciar um enriquecimento a 60% -- que ainda não atinge o grau para utilização militar, mas é o mais puro até agora registado -- surgiu quando se iniciavam as conversações em Viena. O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, referiu na terça-feira aos membros desta organização que as últimas inspeções confirmam o prosseguimento do enriquecimento de urânio pelo Irão e que atingiu um nível de 63% no seu complexo de Natanz.

Adicionalmente, amostras recolhidas em 22 de abril "demonstram um nível de enriquecimento de até 63%, consistente com as flutuações dos níveis de enriquecimento praticados na produção e nesse período", disse a AIEA.

A Agência acrescentou que na segunda-feira os inspetores "verificaram que o Irão tinha de novo alterado o modo de produção" e que lhe permite produzir urânio enriquecido a 60%.

O Irão começou a desrespeitar as restrições incluídas no acordo de 2015 (o Plano de Ação Conjunto Global, JCPOA, assinado entre Teerão e os EUA, Reino Unido, França, China, Rússia e ainda Alemanha) após o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar a retirada unilateral dos EUA em 2018 e a reimposição de pesadas sanções económicas a Teerão.

O acordo previa incentivos económicos para o Irão em troca de restrições no seu programa nuclear. O Governo iraniano decidiu desrespeitar as normas do acordo com o objetivo de pressionar os restantes países envolvidos a encontrarem formas de contrariar as sanções impostas por Washington, mas até ao momento sem sucesso.

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