Numa resposta enviada hoje à Lusa, o IC prometeu que a temporada de concertos, que termina no final de julho, "e os respetivos trabalhos decorrerão de acordo com o plano definido", embora sem o maestro chinês Lu Jia.

Lu Jia, que liderava a Orquestra de Macau desde 2008, já abandonou a região, com a secção sobre o maestro chinês entretanto retirada da página na Internet da orquestra.

Um membro da Orquestra de Macau, que pediu para não ser identificado por temer represálias, confirmou à Lusa que esta semana foram já canceladas seis atuações, incluindo duas hoje.

As atuações, a cargo de um quarteto de músicos da Orquestra de Macau, faziam parte de um programa que levava a música clássica a locais como orfanatos, hospitais, lares para idosos e prisões.

De acordo com as páginas das duas orquestras na Internet, a Orquestra Chinesa de Macau tinha 21 concertos marcados até ao final de julho e a Orquestra de Macau tinha agendados 15.

O principal portal de venda de bilhetes para espetáculos na cidade, o MacauTicket, não tem listado qualquer concerto para nenhuma das duas orquestras para o resto de 2022.

O membro da Orquestra de Macau disse que a formação tem menos 20 músicos do que o necessário para cumprir a temporada.

Alguns tinham sido selecionados numa audição a nível mundial realizada em 2019, mas não foram depois autorizados a entrar na cidade, enquanto outros músicos encontravam-se fora de Macau quando começou a pandemia da covid-19 e acabaram por ter os seus contratos não renovados, explicou o membro.

O IC tinha anunciado na quinta-feira a criação da Sociedade Orquestra de Macau, Limitada, "detida integralmente" pelo governo de Macau", que a partir de 1 de fevereiro vai acolher, "sem sobressaltos", as duas orquestras.

Além de "reduzir a dependência do erário público", o objetivo da transferência é "melhor corresponder (...) às necessidades de formação de quadros qualificados" na área da música, explicou o IC.

Os músicos locais das duas orquestras viram os contratos rescindidos e receberam uma indemnização, mas estão "a transitar, de forma ordenada," para a Sociedade Orquestra de Macau, disse o IC.

Já os músicos não-residentes serão transferidos sem receber qualquer compensação, mantendo "as condições contratuais originais", explicou hoje o IC à Lusa.

Na quarta-feira, o Governo de Macau nomeou para a presidência do IC Leong Wai Man, que desde 2018 desempenhava as funções de vice-presidente. Leong Wai Man sucede a Mok Ian Ian, que na semana passada foi transferida para a presidência do conselho de administração do Centro de Ciência de Macau.

A Orquestra Chinesa de Macau foi fundada em 1987, ainda durante a administração portuguesa do território. A Orquestra de Macau foi oficialmente criada em 2001.

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