Em março, a covid-19 obrigou a fechar tudo e os ginásios foram dos primeiros espaços e deixar de ter clientes. Uma delas foi Eileen Barbosa que, como alternativa, ia fazer caminhadas, mas não era a mesma coisa.

"O calçadão às vezes estava muito cheio, de maneira que era escolher outros caminhos. Fiz algum tempo de pilates à distância, através de videochamada, mas estava ansiosa pela abertura do ginásio", disse à agência Lusa esta escritora cabo-verdiana.

Para Eileen Barbosa, já era necessário a abertura desses espaços de treino, com todas as medidas de segurança que se impõem. "Senão depois começamos a padecer de outras doenças".

Quanto ao regresso, disse que foi tranquilo, sendo que a única diferença é que deve-se ser mais cuidadoso com os materiais, estando sempre a limpá-los.

Nos primeiros dias, Eileen Barbosa disse que por causa de uma gripe teve de usar máscara, mas entende que esse equipamento de proteção individual dificulta a respiração, tendo como vantagem para não a usar o facto de o ginásio onde treina ser espaçoso e permitir o distanciamento.

A partir de agora, a escritora cabo-verdiana espera que nada volte a fechar os ginásios, nem outros espaços em Cabo Verde, como as praias.

"Acho que toda a gente agora está consciente, é ir policiando um bocadinho as pessoas que parecem estar menos conscientes, as próprias pessoas policiam-se entre si e acho que devemos procurar não recuar nas medidas que foram tomadas", terminou Eileen Barbosa, que treina no Espaço Fitness Cabo Verde, um ginásio situado em Palmarejo.

A funcionar nessas instalações desde 2016, o Espaço Fitness Cabo Verde (EFit) tem 10 funcionários efetivos, mas contrata outros professores, e tem quase 300 clientes.

Tudo parou entre 26 de março e 03 de novembro e o gerente, Darcy Fonseca, descreveu esse período como "conturbado", sem receitas, mas os funcionários tinham de receber 35% do seu salário, ao abrigo do 'lay-off', em que outros 35% eram pagos pelo Estado, através do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

O Efit é um espaço virado para aulas personalizadas e de grupo e tinha "bastantes clientes", recordou o gerente, dando conta que neste regresso está a ter menos aulas de grupo, por causa da restrição de dois metros de distância entre cada pessoa e pelo facto de não se poder ter muita gente nas salas -- a lotação foi reduzida a 50%.

Por ser um espaço amplo e que tem um conceito de treino funcional, diferente de musculação, Darcy Fonseca disse que a adaptação às novas medidas não foi complicada.

"Nós usamos mais é o peso do corpo, pesos livres. Não usamos muitas máquinas e fica mais fácil organizar", reforçou, dizendo que foram feitas as "mínimas adaptações", como proteção de acrílico, reforçou-se a limpeza dos equipamentos e foi colocado álcool gel à entrada.

Para já, o gerente disse que as pessoas ainda estão "meio receosas", e muitas estão a deixar este ano terminar para começarem a treinar em janeiro de 2021. "Vamos ver em janeiro como vai ser, mas novembro e dezembro será mais complicado", avaliou.

Quem também está a dar os primeiros passos no regresso é o Korpore, uma cadeia que nasceu em 2008 e atualmente conta com três ginásios, mais voltados para musculação, sendo dois na Praia e um em Assomada, na ilha de Santiago, e frequentados por cerca de 1.500 pessoas.

O presidente do Grupo Vivi, que gere os ginásios, Zeca Barros, disse à Lusa que o impacto do novo coronavírus foi total, com o fecho de todas as operações em março, estando agora a reabrir, com um plano de contingência com todas as medidas de segurança sanitária.

"Tivemos que reforçar o investimento em produtos de higiene, à base de álcool gel e líquido desinfetante, materiais de comunicação e tudo isto, claro, aumentou o custo", descreveu o presidente, garantindo que os novos investimentos não vão refletir-se nos bolsos dos clientes.

Prova disso é que as inscrições são gratuitas durante novembro e dezembro e os preços das mensalidades vão manter-se. Com a retoma, Zeca Barros está igualmente confiante na recuperação de todos os 12 postos de trabalho e da atividade económica.

"Estamos a recomeçar, e acreditamos que, com a redução dos casos ativos aqui na cidade, as pessoas vão aderir ao ginásio e vai ajudar a melhorar as condições de todas as pessoas que trabalham na nossa estrutura", perspetivou.

Entre as regras adotadas agora, está o tempo máximo de uma hora de treino por aluno, mediante agendamento de horário, não são permitidos treinos de grupo, a não ser com respeito do distanciamento de dois metros.

"Estamos a cumprir todas estas regras e posso garantir que temos todas as condições para trabalhar com segurança para todos os nossos clientes", afirmou Zeca Barros, para quem deve aprender-se a conviver com o vírus, reforçando a fiscalização e as medidas de proteção e prevenção.

Os ginásios foram também dos últimos espaços a reabrir, mas o presidente da Korpore entende que tinham condições para retomar mais cedo, já que o fecho desses e de outros estabelecimentos de negócios não resolveu o problema de transmissão local do vírus na capital do país.

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