De acordo com Alexandre Costa, os funcionários daqueles quatro setores, todos pertencentes ao Ministério do Planeamento, Finanças e Economia Azul querem também que o Governo mantenha o que consideram como "direitos adquiridos", quando entrar em vigor o reajuste salarial projetado no próximo Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2021.

"Enviámos uma carta reivindicativa ao ministro desde 19 de novembro [com exigências] que até então não foram satisfeitas", disse o porta-voz dos grevistas, sublinhando que "já houve várias reuniões" com uma comissão criada pelo ministro, sem que houvesse "qualquer entendimento".

"Ainda ontem tivemos um encontro com o ministro para evitar que entrássemos em greve hoje, conforme o pré-aviso, mas foi um encontro que apesar de ter demorado mais de quatro horas não surtiu efeito", lamentou o sindicalista.

Segundo Alexandre Costa, o ministro do Planeamento, Finanças e Economia Azul "deu garantias em relação" às reivindicações, mas recusou-se a assinar o memorando nesse sentido.

"Fizemos questão para que pelo menos ele assinasse a ata da reunião, mas também isso ele se recusou a assinar", acrescentou o porta-voz dos grevistas, salientando que a questão foi levada à "assembleia dos trabalhadores que decidiu que a única solução era entrar em greve".

Um dos principais motivos da reivindicação dos trabalhadores das Finanças, Alfândegas e Estatísticas tem a ver com o "reajuste salarial" que o executivo projetou implementar a partir do próximo OGE.

Durante muitos anos, tem havido muita disparidade salarial na administração pública. Em várias empresas e institutos do Estado os diretores e outros quadros responsáveis da administração auferem salários exorbitantes que ultrapassam o vencimento mensal do Presidente da República.

O Governo do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus decidiu que era necessário estabelecer regras e reajustar os salários, com objetivo de elevar a partir do salário mínimo nacional.

É com base nisso que o executivo decidiu aplicar já no próximo orçamento um reajuste salarial que define como salário mais alto a nível nacional, o do chefe de Estado e todas as remunerações excessivamente altas sofrerão cortes que beneficiarão os salários mais baixos da administração central do Estado.

"Os pressupostos de base que o Governo está a utilizar para fazer os reajustes fere um determinado grupo de funcionários", defendeu o porta-voz do sindicatos dos trabalhadores da Direção das Finanças.

O ministro do Planeamento, Finanças e Economia Azul, Osvaldo Vaz, garantiu que vai "reagir" a esta paralisação. Mas, para já, decorrem negociações com vista a levantar a greve hoje iniciada.

MYB // LFS

Lusa/Fim