No sábado, durante a cerimónia de encerramento, a atriz e realizadora Maria de Medeiros recebeu o prémio "Homenagem a Convidada de Honra", em reconhecimento da sua carreira.

A portuguesa, conhecida pelos papéis em filmes como "Pulp Fiction" e "Henry & June", destacou as "boas vibrações" e o amor que nutre pelo México, onde filmou "Duas Fridas" e concluiu a pós-produção do seu mais recente filme, "Aos Nossos Filhos".

"O México é uma grande nação de cultura, arte e cinema, e é uma referência. Todos os maravilhosos realizadores mexicanos que continuam a contribuir com uma criatividade extraordinária para o cinema mundial --- o facto de este cinema se inspirar no cinema português é algo que nos comove profundamente", afirmou Medeiros, ao receber o prémio.

Portugal foi o país convidado do Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, com a presença de mais de 30 filmes portugueses, incluindo filmes que Maria de Madeiros protagonizou, como "Silvestre", de João César Monteiro, e que realizou, como "Capitães de Abril".

A 40.ª edição teve uma secção especial dedicada ao cinema português, "desde os clássicos à filmografia mais contemporânea", incluindo filmes de Pedro Costa, Manoel de Oliveira e José Álvaro Morais.

O programa contou ainda com a exibição do filme de animação "Os demónios do meu avô", de Nuno Beato, e com uma exposição com as personagens miniaturas utilizadas no processo de animação em 'stop-motion', mais uma 'masterclasse' do realizador João Gonzalez, autor do premiado "Ice Merchants".

A escolha de mais de 30 filmes que dão um panorama do cinema português, com documentário e ficção em curta e longa-metragem, inclui, entre outros, "A fábrica de nada" (2017), de Pedro Pinho, "Trás-os-Montes" (1976), de António Reis e Margarida Cordeiro, "Maria do Mar" (1930), de Leitão de Barros, "A noite" (1999) de Regina Pessoa, e "As Fado Bicha" (2024), de Justine Lemahieu.

"A Savana e a Montanha", filme de Paulo Carneiro que aborda a luta da comunidade transmontana de Covas do Barroso contra a exploração de lítio na região, foi candidato ao prémio de melhor longa-metragem documental ibero-americana.

Nesta secção o vencedor foi "Tardes de solidão", do espanhol Albert Serra, coproduzido por Portugal, sobre tauromaquia espanhola.

"Ouro negro", do japonês Takashi Sugimoto, produzido pela portuguesa Uma Pedra no Sapato e rodado na Índia, em torno de uma tradição comercial de cabelo negro das mulheres, também esteve na corrida nesta categoria.

Na competição de curtas-metragens ibero-americanas figurou "Tapete voador", filme realizado e produzido por Justin Amorim, "baseado numa das várias histórias reais do maior caso de pedofilia institucionalizada em Portugal".

"Sonhar com leões", de Paolo Marinou-Blanco, uma comédia negra sobre a eutanásia, esteve na secção oficial de longas-metragens ibero-americanas de ficção.

Para o Prémio Maguey, que celebra as cinematografias LGBT, concorreu o filme "Duas vezes João Liberada", de Paula Tomás Marques, sobre uma personagem ficcional que podia ter existido: alguém perseguido e marginalizado durante a Inquisição por ter tido uma conduta de vida que não correspondeu às normas da época sobre sexualidade e género.

O filme "Two ships", do norte-americano McKinley Benson, com coprodução pela Cola Animation, era candidato ao prémio de melhor curta-metragem de animação, e "La memoria de las mariposas", da peruana Tatiana Fuentes Sadowski, com coprodução portuguesa da Oublaum Filmes, competiu pelo prémio de cinema socio-ambiental.

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