
Várias famílias residentes no Bairro do Talude Militar cujas casas foram mandadas demolir pela Câmara Municipal de Loures voltaram a dormir esta noite em tendas ou ao relento, disse à agência Lusa Engels Amaral, do movimento Vida Justa.
O representante indicou que várias famílias, que não conseguiu quantificar, continuam a dormir no bairro, sem “qualquer alternativa”.
“As famílias têm tido nos últimos dias apoio alimentar decorrente da campanha lançada pelo Vida Justa. No que diz respeito à Câmara Municipal de Loures, não houve quaisquer desenvolvimentos, mas estiveram ontem [quinta-feira] assistentes sociais no bairro”, disse.
Engels Amaral adiantou também que no sábado e no domingo a partir das 9h vai ser feita uma limpeza no terreno do Bairro do Talude Militar.
“Apelamos a toda a população que queira ajudar que se desloque ao bairro para ajudar nos trabalhos de limpeza do terreno”, referiu.
Na quinta-feira, a Câmara de Loures esclareceu que das 55 famílias que ocupavam as construções precárias demolidas esta semana no Bairro do Talude Militar, 25 não recorreram aos seus serviços sociais, e das 30 que o fizeram, algumas não aceitaram soluções.
“Até ao momento, das 55 famílias que ocupavam as construções precárias entretanto demolidas, 25 não se dirigiram aos serviços sociais da Câmara Municipal de Loures”, afirmou o município num comunicado.
“Os 30 agregados familiares que se mostraram disponíveis para receber apoio social são compostos por 54 adultos e 36 crianças”, lê-se na nota.
“Dos 30 agregados familiares atendidos pelos serviços de ação social, oito estão a receber apoio da Câmara Municipal de Loures, 14 indicaram ter encontrado alternativa habitacional junto de familiares ou amigos, um recusou o apoio disponibilizado e sete não manifestaram interesse nas soluções apresentadas”, destacou.
A Câmara adiantou que “além das soluções habitacionais e alimentares, foram identificadas 13 pessoas em situação de desemprego, que estão agora a ser acompanhadas pelo Gabinete de Apoio à Empregabilidade e pelo Gabinete de Apoio ao Migrante da Câmara Municipal de Loures, no sentido de promover a sua integração laboral e regularização documental”.
Os técnicos dos gabinetes de Apoio à Empregabilidade e ao Migrante estão também desde quinta-feira a prestar apoio direto no terreno, nas instalações de uma associação local.
Os municípios de Loures e Amadora, no distrito de Lisboa, promoveram esta semana operações de demolição de habitações precárias ilegais construídas pelos moradores, onde moravam mais de 100 pessoas.
Na quinta-feira, o movimento Vida Justa acusou também, numa carta aberta, a autarquia de Odivelas e o Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) de realizarem “despejos sem apresentar alternativas habitacionais”, confirmados à Lusa por duas moradoras do bairro na Urmeira. A autarquia indicou entretanto que o caso é da responsabilidade do IHRU.
De acordo com Engels Amaral, em menos de 24 horas, mais de duas mil pessoas e 60 organizações assinaram a carta aberta contra os despejos nos concelhos da Amadora, Loures e Odivelas e exigiram uma solução.