
Fábio Loureiro, um dos cinco reclusos que, em setembro do ano passado, fugiram do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, foi esta quarta-feira entregue à Polícia Judiciária (PJ).
A Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Judiciária (PJ), num comunicado conjunto, adiantam que Fábio Loureiro, recapturado em Tânger pelas autoridades a 6 de outubro de 2024, foi hoje entregue ao abrigo da cooperação judiciária internacional.
"Apresentado oportunamente o correspondente pedido formal de extradição, pelo Procurador-Geral da República, foi a mesma concedida pelas autoridades do Reino de Marrocos", adiantam.
Em outubro, a operação policial internacional de captura do recluso evadido foi desencadeada em menos de 24 horas, depois de a PJ ter detetado que a mulher deste se preparava para o ir visitar.
Na nota conjunta de hoje, a PGR e a PJ explicam que a operação contou com "o forte apoio" do Cuerpo Nacional de Policia (CNP) e da Direção-Geral de Vigilância Territorial Nacional (DGST) marroquina, "com base em informação credível da Judiciária, de que Fábio Loureiro, sobre quem recaía um mandado de detenção internacional, estaria em Marrocos.
A fuga de Vale de Judeus
Fábio Loureiro está condenado pelos crimes de rapto, tráfico de estupefacientes, associação criminosa, roubo à mão armada e evasão.
Fábio Loureiro evadiu-se de Vale de Judeus, juntamente com outros quatro reclusos, a 7 de setembro de 2024, numa fuga organizada e com colaboração a partir do exterior.
No passado dia 16 de abril, a polícia espanhola entregou à Judiciária portuguesa o cidadão britânico Mark Cameron Roscaleer evadido na mesma altura de Vale de Judeus e recapturado em fevereiro em Alicante, no sul de Espanha, tendo já sido encaminhado para um estabelecimento prisional para cumprimento da pena.
Roscaleer foi capturado juntamente com Rodolfo Lohrman, cidadão argentino de 59 anos, foi entregue à PJ pelas autoridades espanholas, no Centro de Cooperação Policial e Aduaneira de Caia/Badajoz, adiantou, na altura a Judiciária.
Segundo a PJ, Roscaleer foi levado para um estabelecimento prisional para cumprir a pena de nove anos, iniciada a 10 de maio de 2019, a que estava condenado "pela prática de criminalidade especialmente violenta: roubo com arma de fogo e sequestro".
O cidadão argentino Rodolfo Lohrman permanece em território espanhol por se ter oposto à extradição para Portugal, pedindo para regressar à Argentina e cumprir naquele país o que lhe falta da pena.
De regresso a um estabelecimento prisional português está também Fernando Ferreira, recapturado em novembro, no concelho de Montalegre.
Já o evadido georgiano Shergili Farjiani, recapturado em Itália em dezembro, deverá ficar a cumprir pena naquele país, segundo esclareceu à Lusa a PGR.
O detido georgiano que foi encontrado pelas autoridades italianas em Pádua, norte de Itália, "tem responsabilidade perante a justiça italiana", acrescentou a PGR, e, por esse motivo, "deverá cumprir pena" em Itália.
Ainda que a detenção tenha acontecido fora de flagrante delito, Shergili Farjiani, o terceiro fugitivo de Vale de Judeus a ser encontrado, estava já inserido em "grupos criminosos que se dedicam a crimes contra a propriedade", tal como explicou um dia depois da detenção Luís Neves, diretor nacional da Polícia Judiciária. Existindo este contexto criminal em Itália, deverá responder perante a justiça deste país.
Estes cinco reclusos fugiram da cadeia de Vale de Judeus a 7 de setembro de 2024 e a sua fuga levou a ministra da Justiça a ordenar uma auditoria à segurança das cadeias portuguesas e motivou também o afastamento do então diretor-geral da Direção-Geral de Reinserção e dos Serviços Prisionais, Rui Abrunhosa Gonçalves, que foi substituído interinamente por Isabel Leitão, tendo entretanto sido nomeado o novo diretor-geral, Orlando Carvalho.
Quando fugiram, os cinco reclusos cumpriam penas entre os sete e os 25 anos de prisão, por tráfico de droga, associação criminosa, roubo, sequestro e branqueamento, entre outros crimes.