"É um homem com grandes valores, que deu muito por Angola, pela África Austral e pelo resto do continente", disse Leonardo Simão, que chefiou a diplomacia moçambicana entre 1994 e 2005.

José Eduardo dos Santos procurou a paz e reconciliação nacional em Angola e a "história vai-lhe fazer justiça", acrescentou.

Sobre as acusações de que o ex-chefe de Estado angolano trabalhou para se perpetuar no poder e que promoveu uma cleptocracia no país, Leonardo Simão relativizou essa descrição, assinalando que a ação do antigo presidente foi condicionada pelo longo período de guerra civil que o país viveu.

"Governar países não é matemática, não é álgebra, são os resultados que se obtém, há coisas que levam menos tempo a fazer e há coisas que levam mais tempo a fazer", enfatizou.

José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos, anunciou a Presidência da República angolana.

"O executivo da República de Angola leva ao conhecimento da opinião pública nacional e internacional, com um sentimento de grande dor e consternação, o falecimento de Sua Excelência o ex-presidente da República, engenheiro José Eduardo dos Santos, ocorrido hoje às 11:10 [10:10 em Lisboa], (...) após prolongada doença", lê-se no comunicado.

O antigo Presidente de Angola estava há duas semanas internado nos cuidados intensivos de uma clínica em Barcelona.

O ex-presidente, de 79 anos, tinha problemas de saúde há vários anos e foi acompanhado em Barcelona desde 2006.

José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola em 1979 e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, sendo regularmente acusado por organizações internacionais de corrupção e nepotismo.

Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.

 

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