Num relatório aprovado hoje por 52 votos a favor, nove contra e duas abstenções, os eurodeputados da Comissão da Indústria, da Investigação e da Energia propuseram "formas de modernizar a infraestrutura da rede elétrica europeia para dar resposta à crescente procura de energias renováveis, assegurar um sistema de eletricidade descarbonizado resiliente e apoiar os objetivos energéticos da UE", indica a instituição em comunicado.

No documento, que será depois votado pelo plenário do Parlamento Europeu durante a sessão plenária de meados de junho, os parlamentares pedem um plano de ação para a rede elétrica da UE e salientam a necessidade de "investimentos significativos e de atualizações das infraestruturas para modernizar e aumentar a capacidade de transporte transfronteiriço".

A assembleia europeia exorta ainda a "uma supervisão mais rigorosa por parte das autoridades para garantir um sistema de eletricidade descarbonizado, flexível e resiliente", bem como a "um planeamento mais coordenado e totalmente pan-europeu do sistema de eletricidade para ligar fronteiras, setores e regiões" através de interconexões transfronteiriças.

Citada pela nota, a eurodeputada liberal austríaca Anna Sturgkh aponta que "o apagão ibérico foi uma demonstração dolorosa da vulnerabilidade das redes elétricas".

"Foi uma demonstração dolorosa de como as nossas redes continuam a ser vulneráveis, [...] e um lembrete de que a transição energética da Europa falhará se não investirmos", alerta Anna Sturgkh.

De acordo com dados da Comissão Europeia, são necessários 584 mil milhões de euros para alocar à reforma das redes de eletricidade nesta década, montante que inclui interconexões transfronteiriças e a adaptação das redes de distribuição à transição energética.

Um corte generalizado no abastecimento elétrico deixou, a 28 de abril passado, Portugal continental, Espanha e Andorra praticamente sem eletricidade, bem como uma parte do território de França.

Aeroportos fechados, congestionamento nos transportes e no trânsito nas grandes cidades e falta de combustíveis foram algumas das consequências do apagão.

Este incidente sublinhou a importância de aumentar a resiliência da rede da UE.

A Rede Europeia de Gestores de Redes de Transporte de Eletricidade está a investigar as causas deste apagão, que classificou como excecional e grave.

ANE // CSJ

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