"Os Estados Unidos fracassaram nos seus esforços para destruir Cuba, apesar de terem gasto milhares de milhões de dólares para esse fim", escreveu o dirigente comunista na rede social Twitter, cinco dias após manifestações históricas no país contra o Governo, que se saldaram num morto, dezenas de feridos, mais de uma centena de detidos e um número indeterminado de desaparecidos.

"Um Estado falhado é um Estado que, para agradar a uma minoria reacionária e que o chantageia, é capaz de multiplicar os danos a 11 milhões de seres humanos, ignorando a vontade da maioria dos cubanos, dos norte-americanos e da comunidade internacional", prosseguiu Diaz-Canel, referindo-se ao embargo dos EUA a Cuba, em vigor desde 1962 e reforçado durante o mandato de Donald Trump (2017-2021).

Joe Biden tinha afirmado na quinta-feira estar a considerar "várias coisas (...) para ajudar o povo de Cuba", um "Estado falhado que oprime os seus cidadãos".

Anunciou, por exemplo, estar disposto a enviar para o país "uma quantidade significativa" de vacinas anti-covid se tiver "a certeza de que uma organização internacional administrará essas vacinas e o fará de maneira a que os cidadãos tenham acesso a elas", já que Cuba não aderiu ao programa Covax, da ONU.

Os Estados Unidos estão também a verificar se dispõem das "capacidades tecnológicas" necessárias para "a reposição" da internet móvel, cortada pelo Governo da ilha comunista, após os protestos de domingo, acrescentou Biden.

"Se o Presidente Joseph Biden tivesse uma preocupação humanitária sincera com o povo cubano, ele poderia suprimir as 243 medidas aplicadas pelo Presidente Donald Trump - incluindo mais de 50 cruelmente impostas durante a pandemia - como um primeiro passo para o fim do embargo", reagiu hoje o Presidente cubano.

A má gestão da pandemia no país, aliada a uma grave crise económica - que agravou a escassez de alimentos e medicamentos e levou o Governo a cortar a eletricidade durante várias horas por dia - impulsionou no domingo passado manifestações espontâneas de milhares de cubanos, que saíram à rua em Havana e em várias outras cidades para protestar contra o Governo do Presidente Miguel Diaz-Canel, desembocando em confrontos com as forças de segurança que tentaram reprimi-los.

"Temos fome", "Liberdade" e "Abaixo a ditadura" foram algumas das palavras de ordem repetidas nesta mobilização sem precedentes em Cuba, país onde as únicas concentrações autorizadas são geralmente as do Partido Comunista Cubano (PCC, partido único) e onde as últimas manifestações deste tipo aconteceram há quase 30 anos, em 1994, em Havana.

Após os protestos, o Governo cortou a internet, reforçou o controlo policial e acusou os Estados Unidos de financiarem a revolta social no país.

ANC // EL

Lusa/fim