Juan Bustos e Carlos Ortega estão a cumprir pena de prisão efetiva na cadeia de Ribeirinha, em São Vicente, por tráfico de droga de alto risco e associação criminosa, num caso que remonta a 05 de novembro de 2014, quando a Polícia Judiciária (PJ) apreendeu 521 quilogramas de cocaína durante um transbordo na praia de Salamansa, em São Vicente.

Os dois espanhóis eram na altura tripulantes do veleiro que terá transportado a droga, durante a operação em que a PJ deteve, em flagrante delito, seis homens, três deles espanhóis.

Os dois espanhóis foram condenados a 15 anos de prisão efetiva em novembro de 2015, juntamente com outros quatro arguidos.

A pena maior, 16 anos, foi para um empresário cabo-verdiano Alexandre Borges, conhecido por 'Xando Badiu' e único cabo-verdiano, condenado por crimes de tráfico de droga de alto risco, associação criminosa, lavagem de capitais e posse de armas de guerra.

Mais de um ano após da sentença, os dois condenados reclamaram de uma "serie de erros e equívocos judiciários" e consideraram que o julgamento foi ilegal e que, por isso, não podem ser culpados de um crime do qual não estão reunidas "provas irrefutáveis".

"Longe das nossas famílias há mais de dois anos e vítimas de uma serie de erros e equívocos judiciários. Não queremos morrer aqui, mas não comeremos até que restaurem a nossa dignidade", lê-se num comunicado dos advogados dos dois cidadãos, citado pelo jornal Notícias do Norte.

"Usaremos a nossa própria vida para deter a injustiça que se abate sobre nós. Temos sentido no nosso corpo alguns dos maiores sofrimentos de que um ser humano é capaz, ao sermos injustamente privados da nossa liberdade, honra, bom nome e dignidade", prosseguiu a nota.

Os dois presos consideram ainda que o julgamento contém "violações intoleráveis", num Estado de Direito, dos seus direitos e da garantia de um processo justo e equitativo.

Indicaram que estavam "na hora errada e no local errado", refutam que tenham sido detidos em flagrante delito e reclamam que a acusação pública não foi feita na sua língua materna, o castelhano.

No caso, José Vilalonga, também espanhol, que não foi detido na posse de droga, também foi condenado a 15 anos de prisão, mas por tráfico de droga de alto risco, associação criminosa e posse ilegal de arma.

Também foi condenado a 15 anos de prisão efetiva o cubano Ariel Benites e o sueco Patrik Kamarow, igualmente por tráfico de droga de alto risco e associação criminosa.

O caso "Perla Negra" foi a segunda maior apreensão de droga em Cabo Verde após a operação "Lancha Voadora" que, em 2011, culminou com a apreensão de tonelada e meia de cocaína em estado de elevada pureza escondida na cave de um prédio na cidade da Praia.

RYPE // FPA

Lusa/Fim