A suavização das condições de importação de semente de algodão foi defendida durante o "webinar" "O Futuro da semente de algodão em Moçambique", promovido pela AAM, organização que congrega empresas do setor.

O vice-presidente da AAM, Osvaldo Catine, disse na ocasião que o país não tem muitas opções de importação de semente, devido às limitações legais.

"A situação atual oferece poucas opções, as variedades genéticas da semente moçambicana estão degeneradas, por um lado, e, por outro, há restrições na importação de semente", declarou Osvaldo Catine.

As normas moçambicanas impõem que apenas seja importada semente em uso em, pelo menos, dois estados da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e que apenas seja aplicada em Moçambique depois de ensaios de adaptabilidade realizados no mínimo em três campanhas agrícolas.

"Enfrentamos constrangimentos regulamentares que limitam a possibilidade de exploração do vasto material genético existente no sistema de sementes no mundo", frisou o vice-presidente da AAM.

A solução, prosseguiu, passa pela possibilidade do alargamento de opções de importação de semente de algodão, para que o país possa impulsionar a produção e produtividade.

O diretor-geral do Instituto de Algodão de Moçambique (IAM), entidade estatal que tutela o setor, Luís Tomo, assegurou a aposta do Governo moçambicano na investigação de sementes que garantam o aumento da produção e produtividade.

"A nossa atenção continua virada à investigação da semente, porque é fundamental para o aumento da produção e produtividade de um algodão de qualidade", frisou Luís Tomo.

Tomo apontou que o país tem a ambição de aumentar a produção de semente das atuais 300 toneladas por ano para 4.300 toneladas.

O aumento da produção de semente no país vai permitir que a produção de algodão passe dos atuais 550 quilos por hectare para 1.200 quilos por hectare, visando aumentar os rendimentos dos produtores e das empresas.

O presidente da AAM, Francisco dos Santos, assinalou que o país deve potenciar a sua produção de algodão para enfrentar a competição internacional e fatores adversos, como as flutuações de preço e produção provocadas por fatores climáticos e, mais recentemente, pelo impacto da covid-19.

"O algodão não é um setor milionário, talvez tenha sido no passado, sendo por isso que o algodão ficou conhecido como o ´ouro branco`", afirmou Francisco dos Santos.

O setor conta com cerca de 150 mil produtores e oito empresas e gera anualmente 40 milhões de dólares (30,4 milhões de euros) em exportações de algodão.

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