
"A presença de pigmentação no Merino primitivo era, presumivelmente, dominante em relação à cor branca, o que pode justificar a existência, por trabalhos de investigação, duma estirpe preta dominante no Alentejo, denominada Pialdo (pigmentado alentejano dominante). O Merino Preto constituiu, em épocas remotas, o efetivo Merino que dominava no país, considerando-se mesmo, que a sua lã era a de melhor qualidade (...) sendo considerado o representante direto do ovino criado por Turdetanos, Vetões e Lusitanos e o mais fiel representante do tronco étnico ancestral."

A descrição está bem expressa na página dedicada à espécie de gado ovino que é considerada uma das mais nobres, ou pelo menos uma das raças autóctones que se tem pugnado por conservar, entre as ovelhas que aqui se criam. E foi essa a raça que Joana Maria Vacas Freixa escolheu para criar na sua propriedade em Alcácer do Sal. Agora, apenas um ano depois de ter decidido dar uma nova expressão à exploração, com a dedicação ao gado ovino de raça Merino Preto, o seu trabalho foi oficialmente reconhecido.
A gestora licenciada e com mestrado na Nova SBE, que representa já a quarta geração de uma família de agricultores da região de Alcácer do Sal e que começou há 15 anos, em paralelo, uma carreira em consultoria empresarial e o envolvimento ativo na gestão agrícola da exploração, através da empresa Alendade Agrícola do Alentejo Unipessoal, Lda., foi hoje distinguida com o Prémio de Jovem Agricultor do Ano, no âmbito do Concurso Nacional de Jovens Agricultores, uma iniciativa da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) que teve lugar na Feira Nacional de Agricultura, em Santarém.
Aos 38 anos, Joana Freixa vai agora representar Portugal no Congresso Europeu de Jovens Agricultores, em Bruxelas, onde será candidata ao título de Melhor Jovem Agricultor da Europa, com a apresentação do seu projeto no Parlamento Europeu, mas esta vitória já lhe dá motivos de orgulho (bem merecido). "Este prémio é uma enorme honra e uma motivação adicional para continuar a transformar a Herdade da Torre num exemplo de agricultura moderna, sustentável e enraizada no território", diz.
A exploração agrícola a que se dedica há década e meia tem a sua atividade principal no cultivo de cereais e arroz e na gestão sustentável de montado de sobro. Mas em 2024, Joana iniciou ali um novo ciclo com a reativação da exploração de gado ovino, apostando na valorização da raça Merino Preto, autóctone do território. "É uma homenagem à minha família e à nossa terra", explica a jovem agricultora, ao receber uma distinção que reconhece não só a sua visão para o futuro da agricultura portuguesa, como o seu empenho em aliar tradição, inovação e sustentabilidade no negócio.
