Estima-se que o total seja superior, por haver população que não chega a ser registada ou que ainda esteja escondida em locais remotos.

Além do registado, há um número da ordem das dezenas de milhar em redor dos portões do projeto de gás em Afungi, a seis quilómetros de Palma, à espera de ajuda ou formas de transporte para zona segura - um levantamento da OIM feito à distância com recurso a informadores aponta para 11.000 a precisar de apoio no local.

Tal como em comunicados anteriores, a OIM referiu que as suas equipas "nos distritos de Nangade, Mueda, Montepuez e Pemba continuam a registar um aumento significativo de chegadas de IDP [deslocados internos, sigla em inglês] desde 27 de março".

As crianças representam 43% do total e subiu para 306 o total das que estão sozinhas, separadas das respetivas famílias durante a fuga.

O corredor que parte de Palma em direção a oeste via Nangade e depois para sudoeste, para Mueda e Montepuez, continua a ser o principal eixo de fuga do distrito atacado em 24 de março em Cabo Delgado.

Ainda segundo a OIM, 76% dos deslocados vivem com famílias de acolhimento e há 820 idosos registados.

Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes segundo o projeto de registo de conflitos ACLED e 714.000 deslocados de acordo com o Governo moçambicano.

O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.

As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.

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