
A capital norte-americana acolhe sábado um grande desfile militar encomendado pelo Presidente, Donald Trump, para assinalar o 250.º aniversário do Exército do país, mas que levanta preocupações sobre os custos e danos que poderá causar na cidade.
O último grande desfile militar em Washington DC foi em 1991 e marcou o fim da Guerra do Golfo.
Tradicionalmente, os desfiles militares nos Estados Unidos eram realizados para assinalar o fim de uma guerra e dar as boas-vindas aos que lutaram, mas há décadas que a capital não sediava algo tão grandioso como o que Trump está a planear - estimado em até 45 milhões de dólares (39,4 milhões de euros).
Eis alguns pontos-chave sobre o desfile militar planeado por Donald Trump:
Motivação para o desfile militar
O desfile militar convocado por Donald Trump celebrará o 250.º aniversário do Exército norte-americano, em 14 de junho, data que coincide com o 79.º aniversário do próprio chefe de Estado.
Um desfile militar pela capital norte-americana é já um desejo antigo de Donald Trump, o qual não conseguiu concretizar durante o seu primeiro mandato (2017-2021).
Espera-se que Trump discurse no evento, enaltecendo a história do Exército dos Estados Unidos.
O que será apresentado no desfile militar
Tanques, camiões e artilharia pesada já começaram a chegar de comboio a Washington, para um evento que contará com 6.600 soldados, 150 veículos e 50 aeronaves.
Pelo menos oito bandas militares, unidades de cavalaria, sobrevoos de aviões de guerra antigos e contemporâneos e saltos de paraquedas são ainda alguns dos atrativos do desfile, que percorrerá as ruas desde o Pentágono até ao Monumento de Washington.
O desfile tem duração prevista de aproximadamente 90 minutos e será dividido em eras: Guerra da Independência, Guerra Civil, Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra da Coreia, Guerra do Vietname, Guerra do Golfo, Guerra Global contra o Terror, o Exército moderno e o futuro.
A exibição poderá atrair até 200.000 espectadores, segundo estimativas dos Serviços Secretos norte-americanos.
Medidas de segurança
O desfile é classificado como um Evento Nacional de Segurança Especial, ou seja, um evento que o Departamento de Segurança Interna considera "como um potencial alvo para terrorismo ou outra atividade criminosa", disse a polícia de Washington no seu 'site'.
Contudo, a polícia de Washington disse que até ao momento não há ameaças credíveis contra o evento.
Quanto ao perímetro de segurança, foram montados cerca de 30 quilómetros de barricadas ao redor da área do desfile, que será sobrevoada por drones de vigilância aérea.
Já para aceder ao recinto, haverá três pontos de entrada para o público com verificações de segurança, além de vários itens proibidos no local.
"O Serviço Secreto, juntamente com os nossos parceiros estaduais, locais e federais, tem trabalhado 24 horas por dia para criar um ambiente seguro para todos que desejam participar nos eventos de sábado", disse o agente especial do Serviço Secreto Matt McCool, em conferência de imprensa.
Milhares de agentes dos Serviços Secretos e do FBI, de todo o país, estarão destacados para o evento.
Além disso, o espaço aéreo ao redor do Aeroporto Nacional Reagan estará restringido durante as celebrações, com impacto direto em dezenas de voos.
Custos, logística e potenciais danos
O custo estimado para este desfile oscila entre os 25 milhões e os 45 milhões de dólares (entre os 21,9 milhões e 39,4 milhões de euros), segundo um porta-voz do Exército.
Esse valor inclui o custo de reparação das ruas de Washington após a passagem de tanques de várias toneladas, que deverá rondar os 16 milhões de dólares (14 milhões de euros).
Mais de duas dúzias de tanques de batalha M1 Abrams deverão passar por Washington no sábado, sendo que cada um pode pesar 60 toneladas ou mais.
Para proteger as ruas desses veículos pesados, o Corpo de Engenheiros do Exército está a instalar grandes placas de metal em partes do percurso do desfile.
Protestos agendados
No mesmo dia do desfile, manifestantes vão às ruas de todo o país, no que os organizadores esperam ser o maior protesto anti-Trump desde o início do Governo, empossado em janeiro último.
Intitulado 'No Kings' [Sem Reis, na tradução para português], o protesto resulta da união de mais 100 grupos de defesa da democracia.
"Eles desafiaram os nossos tribunais, deportaram americanos, fizeram pessoas desaparecerem das ruas, atacaram os nossos direitos civis e cortaram os nossos serviços. A corrupção foi longe demais. Sem tronos. Sem coroas. Sem reis", defendeu a organização no seu 'site'.
Os organizadores estimam que milhões de pessoas protestem em mais de 1.500 cidades em todos os 50 Estados do país.
A organização classificou ainda os protestos como "não violentos" e instou qualquer pessoa que participe a "reduzir a possibilidade de qualquer confronto".
Por esse motivo, e para fazer um contraste com o desfile convocado por Trump, a organização do 'No Kings' não realizará nenhum evento em Washington, DC. Em vez disso, fará uma grande marcha e manifestação em Filadélfia.
Porém, há pelo menos nove outras manifestações de menor dimensão agendadas para a capital.
"Quem quiser protestar será reprimido com muita força", ameaçou o Presidente na terça-feira, avisando potenciais protestos que visem o desfile.