
As famílias desalojadas hoje em Loures, após a demolição de 51 habitações precárias no Bairro do Talude, vão pernoitar esta noite em tendas e numa igreja local, disse à agência Lusa fonte do movimento Vida Justa.
"São 62 crianças que vão hoje parar à rua. O apoio da Câmara de Loures a estas pessoas volta a não ser nenhum", afirmou à Lusa Miguel Dores, do movimento Vida Justa.
Em causa está a demolição esta tarde de 51 casas autoconstruídas, segundo número indicado pela Câmara Municipal de Loures, no Bairro do Talude Militar, neste concelho do distrito de Lisboa.
Artigo relacionado: Vida Justa denuncia demolição de 80 habitações nos próximos dias em Loures e Amadora
Segundo o ativista, as famílias que ficaram desalojadas não tiveram nenhuma solução "viável" por parte da Câmara de Loures e algumas vão pernoitar esta noite em tendas e outras na igreja do Talude.
A execução dos trabalhos para a demolição de 64 habitações precárias arrancou hoje às 12:00, num clima de tensão entre os moradores do Bairro do Talude Militar e a PSP, e terminou cerca das 16:00, como constatou a Lusa no local.
Os trabalhos para a demolição das restantes 13 habitações precárias irão retomar na terça-feira, segundo indicou fonte da Câmara de Loures.
Relativamente a alternativas habitacionais, a Câmara de Loures aconselhou as famílias a deslocarem-se aos serviços sociais na Casa da Cultura, em Sacavém, e solicitar apoios.
"Foram disponibilizadas alternativas habitacionais no mercado de arrendamento, com possibilidade de apoio financeiro à caução e à primeira renda", refere fonte da autarquia.
No entanto, para o movimento Vida Justa trata-se de um "não apoio", uma vez que os moradores não irão conseguir aceder ao mercado da habitação.
"Apresentaram as mesmas soluções de sempre. Já sabem que as pessoas não conseguem aceder a um arrendamento. Amanhã [terça-feira] voltaremos a estar no bairro", afirmou.
Também no concelho da Amadora, no distrito de Lisboa, ocorreram esta tarde demolições de casas autoconstruídas na Estrada Militar (Mina de Água).
Segundo fonte da Câmara Municipal da Amadora, durante o dia de hoje foram demolidas oito das 22 habitações precárias previstas.
Em resposta escrita à Lusa, a Câmara Municipal da Amadora (CMA), presidida por Vítor Ferreira (PS), esclareceu que na Estrada Militar da Mina de Água, no antigo bairro de Santa Filomena, "serão demolidas a totalidade das 22 construções ilegais", indicando que foram identificados como ocupantes "cerca de 30 adultos e 14 crianças/jovens".
A mesma fonte assegurou que será dada uma "resposta de emergência" aos moradores, inclusive crianças.
Sobre a situação na Amadora, Miguel Dores, da Vida Justa, referiu que "à semelhança do que aconteceu em Loures não foi dada nenhuma alternativa viável às famílias desalojadas".
Apesar da revolta sentida pelos moradores, o ativista ressalvou que o ambiente é de "tranquilidade".
Relativamente ao número de habitações demolidas, Miguel Dores referiu que o movimento só teve conhecimento de três.