
A eurodeputada Marta Temido confirma que os socialistas europeus apoiaram Roberta Metsola na reeleição para presidente do Parlamento Europeu. A socialista não se compromete, contudo, com o sentido de voto para a eleição de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia.
“É uma eleição que teve o nosso apoio”, declarou Marta Temido, esta tarde, em declarações aos jornalistas.
“A partir do momento em que há esse trabalho de aproximação, em que nós conseguimos fazer um caminho em conjunto e em que nos pomos de acordo sobre as instituições europeias, esse acordo é para respeitar e esta eleição mostra isso”, defendeu.
Marta Temido avisa, no entanto, que “não há cheques em branco” e rejeita que a presença, esta terça-feira, de António Costa (agora presidente eleito do Conselho Europeu) junto dos representantes europeus seja uma tentativa de influenciar a votação no sentido da reeleição de Ursula von der Leyen como presidente da Comissão Europeia.
Já Sebastião Bugalho, eurodeputado eleito pela Aliança Democrática, considera que a votação expressiva mostra que Roberta Metsola é consensual entre os eurodeputados.
“Nunca nenhum candidato a presidente do Parlamento Europeu, ou candidata, teve uma percentagem tão elevada. Portanto, mostra bem o quão consensual a Roberta Metsola conseguiu ser no seu primeiro mandato e o modo como as famílias políticas europeístas, democráticas e defensoras da União Europeia acabam por estar juntas, quando é necessário que assim aconteça", referiu o eurodeputado.
Sebastião Bugalho afirma que, apesar de não fazer parte do “acordo a três” para a nomeação de altos responsáveis na UE (que incluía os nomes de António Costa, Ursula von der Leyen e Kaja Kallas), Metsola também “de um modo tácito, incluía esse consenso”.
O eurodeputado Tânger Corrêa confirma que a família política do Chega apoiou a eleição de Roberta Metsola em troca de ajuda para desbloquear a eleição de elementos do grupo para cargos no Parlamento Europeu.
"Contribuímos. Nós tomamos ontem [segunda-feira] a decisão de apoiar Roberta Mendes, em vez de apresentar um candidato próprio”, referiu.
"Metsola tinha sido cooperante com a antiga formação do ID - ou, pelo menos, não se opunha como outros. E nós achámos que devíamos apoiar Metsola com algumas contrapartidas, nomeadamente que Metsola ajude a desbloquear o cordão sanitário que nos querem impor", declarou.
Tânger Corrêa adianta também que, no que toca à eleição de Von der Leyen, está completamente excluído o apoio da família política do Chega.
“Não vamos votar a favor de Ursula Von der Leyen. Isso está completamente fora de questão”, assegurou.
Pela Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo mostra-se satisfeito com a eleição de Roberta Metsola.
“Neste caso, parece corresponder a uma apreciação muito positiva do mandato anterior de Roberta Metsola e corresponde também à nossa, portanto, estamos satisfeitos”, sublinhou o eurodeputado.
Os liberais vão também apoiar a reeleição de Ursula Von der Leyen.
“Houve vários contactos, várias conversações, que levaram a que exista suficiente consenso entre, pelo menos, os liberais e os populares relativamente a essa matéria”, notou Cotrim de Figueiredo.
Pelo contrário, Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, mostrou-se insatisfeita com a reeleição de Roberta Metsola. Afirma que é uma tendência preocupante para a União Europeia.
“Houve um arco larguíssimo dos Verdes, Sociais-democratas, até à extrema-direita a apoiar Roberta Mezzola. Eu acho que este arco tem algum significado político, é um significado político que nos preocupa”, admitiu a eurodeputada.
“Um dos maiores problemas da União Europeia, neste momento, é seguramente a paz e caminhos para a paz. E uma União Europeia que - e bem - apoia à Ucrânia, mas que não é capaz de ter uma palavra decidida sobre o que está a acontecer em Gaza e continua a apoiar Israel face ao genocídio que estamos a ver é uma União Europeia que se descredibiliza”, argumentou.
“Aqui há forças de extrema-direita que são herdeiros - uns mais envergonhados, outros mais orgulhosos - dos nazis e dos fascistas. Eu acho que o Roberta Metsola não devia querer ter votos desse tipo de herdeiros”, insistiu Catarina Martins.
O eurodeputado comunista João Oliveira não se mostra surpreendido com a reeleição. Critica também, no entanto, o facto de a presidente do Parlamento Europeu não ter feito referência ao caso concreto da Palestina, na guerra no Médio Oriente.
“A circunstância de não ter havido uma referência ao problema da Palestina na declaração feita pela Presidente eleita é particularmente significativo de que não é com esta eleição que nós conseguiremos encontrar uma perspetiva alternativa àquilo que tem sido o rumo da União Europeia”, atirou o eurodeputado.
João Oliveira considera que é necessária “uma alternativa que aponte verdadeiramente aos povos da Europa, uma perspetiva de resposta aos seus problemas, seja o problema da paz, seja os problemas económicos e sociais que marcam a vida de milhões de cidadãos”.
Roberta Metsola foi esta terça-feira reeleita presidente do Parlamento Europeu, com uma maioria de 562 votos. A candidata do PPE arrecadou a maior percentagem de votos de sempre (90,2%).