
O presidente do Conselho de Administração da RTP garantiu hoje que a alteração no controlo da emissão da RTP/Madeira, que passou a ser feito em Lisboa, "não belisca" a autonomia em termos de programação e informação.
Nicolau Santos afirmou que a decisão é de cariz técnico e operacional, justificando-a com constrangimentos relacionados com a saída de trabalhadores do Centro Regional da RTP, no âmbito do plano de saídas voluntárias, dois dos quais da área da continuidade.
"Não belisca minimamente a autonomia nem a capacidade de decisão da RTP/Madeira", assegurou o responsável, que falava no parlamento madeirense, numa audição parlamentar requerida pelo PSD sobre "a defesa da autonomia do Centro Regional da RTP Madeira", na Comissão Permanente de Educação Desporto e Cultura.
O controlo da emissão da RTP regional passou a ser feito recentemente a partir de Lisboa, uma decisão que motivou preocupação e questões de vários partidos sobre uma alegada perda de autonomia.
Nicolau Santos realçou que a saída de 11 trabalhadores ao abrigo do plano de saídas voluntárias e a decisão judicial recente de incluir 24 pessoas nos quadros da empresa na região "retirou capacidade operacional, que se está a tentar recuperar fruto de uma reorganização interna que está em curso".
Nicolau Santos rejeitou que haja "um esvaziamento" da RTP/Madeira, sublinhando que um dos seus objetivos, que faz parte do caderno de encargos passado ao novo diretor de informação da RTP, Vítor Gonçalves, passa por utilizar mais conteúdos produzidos pelos centros regionais nos principais noticiários da RTP1.
O responsável admitiu que pode haver constrangimentos na cobertura de determinados eventos, mas considerou que é "absolutamente pontual".
O presidente do Conselho de Administração notou que a RTP ainda está impedida de contratar e que espera conseguir fazê-lo em breve, referindo que o acordado com a tutela é admitir um trabalhador por cada dois que sairão antecipadamente.
Nicolau Santos sublinhou também que a empresa pretende reduzir a média etária dos trabalhadores, contratando quadros mais jovens e com novas competências, de modo a responder à transição digital em curso.
A decisão "neste momento é definitiva", disse ainda, apontando que "não há condições para fazer de outra maneira".
O responsável acrescentou que a alteração para Lisboa passa a permitir uma emissão "24 horas por dia, sete dias por semana".
Nicolau Santos elencou um conjunto de investimentos no Centro Regional da RTP/Madeira ao longo dos últimos anos, e assegurou que estão previstos outros com relevância, para rejeitar as afirmações de "esvaziamento" e de perda da autonomia, tanto de deputados como da Comissão de Trabalhadores (CT) da empresa.
A representante da CT Gracinda Silva disse hoje, no âmbito desta audição parlamentar requerida pelo PSD, que as chefias e trabalhadores afetados por este processo não foram informados antes de a decisão ter sido tomada e assumiu um "mau estar em relação à direção".
No entender da trabalhadora, que desempenha funções de realização e produção na empresa, a alteração não põe em causa a autonomia editorial, mas coloca em causa "a autonomia da emissão da RTP/Madeira".
Segundo a representante, o telejornal da Madeira das 21:00 começou com um atraso de um minuto e 18 segundos, num dia da semana passada, algo que "não acontecia há anos".
Os colegas que estão em Lisboa, acrescentou, têm como função principal a gestão da RTP 1 e da RTP2.
Gracinda Silva considerou que a emissão deveria ser feita na região autónoma e assinalou que não está a ser feita uma renovação de quadros, mas sim "esvaziar e tirar relevância" ao Centro Regional.
A Comissão Permanente de Educação Desporto e Cultura também ouviu, na quarta-feira, o diretor da RTP/Madeira, Martim Santos.
O responsável assegurou que a alteração não afeta a autonomia editorial do canal na região.
A decisão foi tomada pelo Centro Regional com o acordo do Conselho de Administração.