
Em Alcáçovas, no concelho de Viana do Alentejo, no último dia do seu programa "Sentir Portugal" pelo distrito de Évora, o líder social-democrata, Luís Montenegro, visitou a fábrica dos Chocalhos Pardalinho, de Henrique Maia e Francisco Cardoso.
Aí, recebeu explicações sobre como se produz um chocalho, assistiu às marteladas que os mestres davam nos que estavam a criar, ouviu as dificuldades contadas por Henrique e assinou a correia do objeto, e tornou-se assim 'embaixador' desta arte.
Lembrando que estava no parlamento quando a candidatura à UNESCO foi "formulada" e que o seu partido apoiou, tal como todos os outros, Montenegro defendeu que este fabrico "merece ser preservado e apoiado para não morrer".
A vila de Alcáçovas, que chegou a ser o centro nacional desta arte, sustentou a candidatura nacional do fabrico artesanal de chocalhos, que foi aprovada, em 2015, como Património Cultural Imaterial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), na lista de bens com Necessidade de Salvaguarda Urgente.
Henrique Maia argumentou que, desde a classificação, "quase nada" ou mesmo "nada foi feito para manter esta atividade" e, em Portugal, já só resta a sua fábrica a produzir artesanalmente estes objetos, que funcionam como 'GPS' para encontrar o gado no campo.
Os chocalhos "podiam estar melhor", mas "esperamos que esta visita de hoje seja uma alavanca para as entidades responsáveis por essa situação [poderem] criar condições para que a atividade não morra", disse o empresário.
Questionado pela agência Lusa sobre se Portugal corre o risco de perder esta classificação, Henrique Maia foi perentório: Exatamente. Se não for feito nada".
"De 2015 a 2017 éramos 12 pessoas aqui a trabalhar na nossa fábrica. Neste momento, somos quatro e, se não for feito nada, qualquer dia acaba", frisou, referindo que precisa de apoios para formar jovens e, para os atrair, a profissão tem de ser atrativa.
O presidente 'laranja', que leva para Lisboa um chocalho com o símbolo do partido oferecido pelo vereador do PSD na Câmara de Viana do Alentejo, António Costa da Silva, agradeceu que os Chocalhos Pardalinho continuem a preservar a arte classificada pela UNESCO e disse ter ficado "tranquilo" ao ter sido informado de que "ainda há mercado" na agricultura, em Portugal, Espanha e França, assim como no turismo.
Mas "é muito importante que, quer a autarquia local, quer o Turismo de Portugal e o Turismo do Alentejo, possam aproveitar também para não deixar de fazer a promoção que isto merece", alertou.
Ao mesmo tempo que o líder do PSD visitava a fábrica, um agricultor espanhol, cliente regular dos Chocalhos Pardalinho, tratava de renovar o stock, sem poupar nos elogios à mestria dos artesãos da vila alentejana.
"Venho a Alcáçovas porque Espanha já quase não tem mestres assim, antigos, que façam trabalhos artesanais e estes são muito bonitos. É um trabalho muito bem feito, muito romântico e o que interessa é que isto não acabe, que estes profissionais tenham sucesso e que continuem e que os jovens continuem esta profissão", defendeu Juan Carlos Reyes, da zona de Cáceres, na Estremadura espanhola.
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