"A aliança transatlântica é baseada em valores partilhados e na história, mas também em interesses: construir um mundo mais forte, mais próspero e mais pacífico. Quando a parceria transatlântica é fortalecida, os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE) também ficam mais fortes", sublinhou, em comunicado, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Focado em quatro áreas -- saúde, clima, tecnologia e comércio, e política externa -- o plano, intitulado "Uma nova agenda UE-EUA para uma mudança global", apresenta soluções para "enfrentar os grandes desafios" atuais e "agarrar oportunidades" que surjam no futuro.

Em conferência de imprensa de apresentação do plano, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, referiu que "não há parceiro mais importante e estratégico para a Europa do que os EUA".

"A agenda formula prioridades para uma parceria transatlântica renovada em áreas em que os nossos interesses convergem, em que a nossa influência comum pode ser mais bem utilizada e em que uma liderança global é necessária", sublinhou Borrell.

No que se refere à saúde e à resposta à pandemia de covid-19, o documento propõe medidas a curto prazo -- como o apoio dos EUA à iniciativa COVAX, que prevê que dois mil milhões de vacinas sejam fornecidas a países de baixo ou médio rendimento, ou o reforço da Organização Mundial da Saúde (OMS) -- mas também a longo prazo, através do trabalho entre os dois parceiros na "prevenção, preparação e resposta" a futuras crises sanitárias, que poderá englobar a elaboração conjunta de um "manual pandémico".

O documento prevê também medidas para o clima, frisando que "os Estados Unidos e a UE podem liderar o mundo para uma economia verde, circular, inclusiva e competitiva".

Nesse âmbito, a Comissão Europeia "saúda" o compromisso feito pela futura administração Biden para regressar ao Acordo de Paris e pede um "compromisso transatlântico partilhado" para atingir a neutralidade climática até 2050.

"As alterações climáticas e a perda de biodiversidade são os desafios que definem o nosso tempo. Exigem uma mudança sistémica das nossas economias e uma cooperação global através do Atlântico e do mundo", sublinha o comunicado.

O plano propõe ainda a elaboração de uma "agenda tecnológica conjunta", que testemunhe da "convergência de pontos de vista entre a Europa e os Estados Unidos" na matéria, e que englobe "infraestruturas críticas como o 5G, 6G ou ativos de ciberdefesa".

É, no entanto, frisado que terão de ser reconhecidas as "diferenças de abordagem" entre os dois parceiros.

"Temos de trabalhar para resolver as questões 'irritantes' no comércio bilateral que enfraquecem a nossa parceria estratégica. Temos de trabalhar para encontrar soluções rápidas, ao focarmo-nos em resultados negociais, embora reconhecendo as abordagens diferentes", frisa o documento.

Assim, ainda que aponte para o "interesse fundamental" partilhado pelos EUA e UE de "fortalecer as democracias no mundo" e peça uma "parceria mais próxima" e "repostas coordenadas" nas "diferentes áreas geopolíticas", o plano reconhece posturas diferentes no que toca à China.

"Enquanto sociedades democráticas abertas e economias de mercado, os EUA e UE concordam no desafio estratégico apresentado pela crescente assertividade da China no plano internacional, mesmo que não concordemos sempre sobre a melhor maneira para a abordarmos", nota o documento.

O documento apresentado hoje será agora submetido ao Conselho Europeu que, após uma conversa entre o seu presidente, Charles Michel, e Joe Biden, comunicou que "convidou o Presidente eleito para uma reunião especial com os membros do Conselho Europeu, em Bruxelas, em 2021, para uma discussão sobre as prioridades partilhadas".

TEYA (ANE) // FPA

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