
Um novo estudo, publicado na revista Nature Metabolism, sugere que há uma ligação entre a qualidade da alimentação e o cancro do pulmão.
Quando se fala em cancro do pulmão, pensa-se tradicionalmente na influência do tabaco e da qualidade do ar, contudo, também a alimentação parece influenciar o adenocarcinoma, um cancro agressivo.
"O cancro do pulmão não tem sido tradicionalmente considerado uma doença relacionada com a dieta. Doenças como cancro do pâncreas e cancro do fígado, sim. No entanto, quando se trata de cancro de pulmão, a ideia de que a dieta pode ter um papel raramente é discutida", afirma Ramon Sun, biólogo molecular da Universidade da Flórida.
A investigação, publicada na revista Nature Metabolism, identificou o glicogénio, uma molécula que armazena a glicose do açúcar simples, como um elemento crítico e anteriormente pouco explorado.
No estudo foi utilizada uma técnica que permite identificar caraterísticas específicas de pequenas moléculas dentro do tecido humano, através de uma plataforma desenvolvida especialmente para análise de tecidos.
Foram encontrados níveis mais altos da molécula em amostras de tecido de adenocarcinoma, responsável por 40% dos cancros do pulmão em todo o mundo.
De acordo com os cientistas, que analisaram os níveis da molécula no tecido pulmonar, a acumulação de glicogénio acelera substancialmente a progressão do tumor.
Ramon Sun, biólogo molecular, sinaliza que a plataforma utilizada na investigação permite visualizar doenças e distinguir padrões e interações moleculares com detalhes "impressionantes".
Os investigadores consideram que o glicogénio pode ser um "combustível" para o crescimento e desenvolvimento de células cancerígenas. No entanto, defendem que são necessários mais estudos para confirmar a relação entre a dieta e o cancro do pulmão. Para já, dizem, os resultados são um alerta para a importância da alimentação saudável.
Cancro do pulmão
O cancro do pulmão é dos tipos de cancro mais frequentes. Em Portugal, foram diagnosticados cerca de 5.280 novos casos, em 2018.
Segundo a Liga Portuguesa Contra o Cancro, os sintomas mais comuns incluem tosse que não desaparece e que piora com o tempo, e muitas vezes acompanhada de sangue, dor constante no peito, falta de ar, asma, rouquidão e inchaço do pescoço e rosto
Contudo, de acordo com o Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão, a maioria dos doentes são diagnosticados em estado avançado, uma vez que pode desenvolver-se durante bastante tempo sem provocar sintomas.
Fumar é um dos principais fatores de risco para o cancro do pulmão devido às substâncias (carcinogénicos) que danificam células e podem torná-las cancerígenas.
A exposição ao fumo do tabaco, a amianto e a poluição também aumenta a probabilidade de desenvolver este tipo de cancro.