"Eu ainda não sei de nada, ainda ninguém falou comigo, eu ainda não falei com ninguém, os políticos é que falam sobre isso. Eu ainda não pensei sobre isso", afirmou Lere Anan Timur aos jornalistas.

"Ser Presidente, ou ser soldado, o que for, é a obrigação de todos servir o Estado. Para nós, já demonstrámos durante 24 anos. Se durante esses 24 anos aceitaram a nossa morte, como é que agora não podemos dar continuidade ao objetivo da nossa luta", considerou.

Lere Anan Timur, que falava aos jornalistas depois do seu encontro semanal com o Presidente da República, Francisco Guterres Lú-Olo, respondia a perguntas dos jornalistas sobre rumores de que a sua candidatura seria apoiada pelo seu partido, a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), e pelo Partido Libertação Popular (PLP), dois dos três atualmente no Governo.

"A questão é que para ser Presidente ou primeiro-ministro, temos de estar juntos. Se eu for Presidente e alguém me der um tiro é um problema grande", ironizou.

"Se eu me candidatar, não vou ser eu a candidatar-me, os partidos, e eu posso dizer que todos os partidos de Timor, é que me apresentam como candidato. Tanto o PLP, como a Fretilin, ou o Khunto, eles podem apresentar-me como candidato por que eu tenho uma boa relação com todos", frisou.

Fontes dos dois partidos ouvidas pela Lusa negaram que tenha havido essa decisão e explicaram, nos dois casos, que a questão da candidatura a chefe de Estado nas presidenciais de 2022 depende de um debate interno.

"Eu até agora não posso dizer que me vá candidatar. Eu ainda não sei. Eles [os políticos] é que falam sobre isso", disse.

As autoridades eleitorais timorenses iniciaram já o processo de preparação para as eleições presidenciais de 2022, cuja data ainda não foi anunciada pelo atual chefe de Estado, Francisco Guterres Lú-Olo, também presidente da Fretilin.

Nos últimos meses tem havido vários crescentes debates e especulações sobre eventuais candidatos ao cargo de Presidente da República, com vários cenários que incluem o possível apoio dos três partidos do Governo à recandidatura do atual chefe de Estado.

A possibilidade de Lere -- que poderá manter-se à frente das F-FDTL até pelo menos 2024 - ser candidato também tem sido apontada.

Do lado da oposição, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), também se têm repetido especulações sobre se o presidente do partido, Xanana Gusmão, voltará a candidatar-se ao cargo que ocupou nos primeiros anos depois da restauração da independência.

No caso de uma candidatura apoiada pelo CNRT, têm-se avançado igualmente outros possíveis nomes como o também ex-Presidente José Ramos-Horta ou os ex-ministros do CNRT Agio Pereira ou Dionísio Babo.

Francisco Guterres Lú-Olo venceu à primeira volta as eleições de 2017, contando na altura com o apoio das principais forças políticas do país, nomeadamente a Fretilin e o CNRT.

 

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