A visita de Rau, que inclui uma reunião com o seu homólogo ucraniano, Dimitri Kulaba, não estava na agenda e foi anunciada através das redes sociais do Governo polaco, que distribuiu imagens da delegação diplomática na Ucrânia a visitar um monumento em homenagem às vítimas ucranianas da "agressão russa".

"A Ucrânia tem o direito de se defender", pode ler-se numa mensagem do Governo polaco na rede social Twitter, que cita o chefe da diplomacia.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, por sua vez, descreveu a visita polaca como uma resposta ao convite de Kiev para se reunir e "prestar atenção especial às recentes ações desestabilizadoras da Rússia, incluindo a escalada (militar) no leste da Ucrânia e na Crimeia temporariamente ocupada, onde os russos têm agrupado tropas e aumentado a intensidade da propaganda".

Segundo as autoridades ucranianas, durante a visita da delegação polaca será discutida ainda a cooperação no âmbito de organizações internacionais e regionais, como o Triângulo de Lublin - uma plataforma de cooperação formada pela Ucrânia, Polónia e Lituânia, que visa apoiar a integração de Kiev na União Europeia (UE).

As autoridades portuárias ucranianas decidiram restringir o trânsito marítimo civil no Mar Negro por tempo indeterminado a partir de hoje, devido à atividade militar na região, o que afetará as exportações de cereais de Odessa e pode levar a avultadas perdas económicas, já que a Ucrânia, que produz 57 milhões de toneladas por ano, é o segundo maior exportador de cereais do mundo.

O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, general Ruslan Chomczak, disse na semana passada que a Rússia está a aumentar o seu efetivo militar na região de Donetsk, onde um cessar-fogo foi acordado em julho de 2020.

O Comando Europeu das Forças Armadas dos EUA elevou seu estado de alerta para o nível mais alto, em 01 de abril, depois de o cessar-fogo no leste da Ucrânia ter sido violado e quatro soldados ucranianos terem sido mortos.

O confronto armado entre as forças ucranianas e rebeldes apoiados pela Rússia no leste da Ucrânia, que começou em 2014, já custou a vida de cerca de 14.000 pessoas, em sete anos, de acordo com a ONU.

Embora a Polónia e a Ucrânia tenham várias disputas históricas ainda relacionadas com a Segunda Guerra Mundial, Varsóvia tem sido a favor da integração dos seus vizinhos na UE, NATO e em outras organizações internacionais ocidentais.

A população de origem ucraniana é a maior comunidade estrangeira na Polónia, com cerca de dois milhões de pessoas, e o Presidente polaco, Andrzej Duda, disse, durante uma visita oficial a Kiev em 12 de outubro, que a soberania e a segurança da Ucrânia são uma questão fundamental para o seu país.

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