A CDU obteve 1.763 votos na Região Autónoma da Madeira. Foram menos 666 votos face às eleições de Março de 2024. A nível nacional, elegeu três deputados, menos um do que na última legislatura. Não houve, pois, motivos de satisfação na sede partidária da Rua João de Deus. Ainda assim, os militantes e simpatizantes da coligação PCP/Verdes respiraram de alívio pelo facto de terem mantido a representação na Assembleia da República.

“Ninguém pode dizer que está satisfeito com estes resultados. Não estamos nós mas certamente não estará o povo da nossa Região. Como se costuma dizer, não vale a pena chorar sobre o leite derramado”, declarou a cabeça-de-lista pelo círculo da Madeira, Herlanda Amado. A candidata comunista notou, contudo, que também não devem estar satisfeitos “aqueles que ansiavam o desaparecimento da CDU”, já que tal cenário não se verificou. De facto, esta força mantém um grupo parlamentar em São Bento e o seu líder nacional, Paulo Raimundo, foi um dos eleitos.

Numa análise aos resultados, Herlanda Amado assumiu que “infelizmente há um crescimento da direita e da extrema-direita” e prevê que a consequência disso seja “um agravamento das dificuldades vividas por milhares de trabalhadores do nosso país” e um “retrocesso nos direitos dos trabalhadores”, como aconteceu nos últimos anos e “em particular no último ano”.

Face ao novo cenário político no país, Herlanda Amado acredita que a CDU será chamada a desempenhar um papel fundamental, pois “é a única força de combate, coragem e resistência” às políticas de direita e extrema-direita. “Aqueles que pensavam que teriam um caminho aberto para um agravamento das dificuldades, certamente irão confrontar-se com esta força de combate, resistência e coragem”, repetiu.

Desafiada a explicar o avanço eleitoral da coligação AD (PSD/CDS) e do Chega, a cabeça-de-lista associou o fenómeno ao contexto mundial e europeu. “Tem havido um crescimento da extrema-direita um pouco por todo o mundo, que é alimentado pela desilusão e desânimo das pessoas. Muitas vezes as pessoas deixam-se levar por um discurso que é o mais fácil de engodar. Quando as dificuldades são muitas, as pessoas deixam-se levar por falsas promessas, uma ilusão qualquer de melhoria das condições de vida. Há um crescimento da extrema-direita que nos deve deixar a todos apreensivos em relação ao futuro”, analisou.