"Até agora estamos satisfeitos. Eu estou convencido de que tenho todas as condições para ganhar estas eleições", afirmou Carlos Veiga, antigo primeiro-ministro e candidato às eleições presidenciais de Cabo Verde em 17 de outubro (primeira volta).

"Eu penso que é possível ganhar à primeira volta, mas esse é um pensamento, apenas. Não quer dizer que isso tenha de ser assim. Nós estamos preparados para todas as eventualidades e, portanto, não é um problema que nos preocupa. Neste momento estamos a trabalhar para termos o máximo possível de votos. É assim que se ganha as eleições e vamos a ver o que vai acontecer", acrescentou.

A dois dias do arranque da campanha eleitoral, Carlos Veiga promete que a mensagem a passar aos eleitores será de "confiança".

"As pessoas têm de confiar em Cabo Verde, mas é também uma mensagem de união. Cabo Verde será aquilo que nós quisermos. Quisermos todos juntos, unidos a trabalhar para o progresso, para o bem-estar dos cabo verdianos. Essas eleições presidenciais serão importantes nesse sentido", apontou.

"Se formos capazes de eleger um candidato que possa unir os cabo-verdianos, e eu julgo que estou nessas condições, naturalmente que as coisas irão correr muito melhor. Com mais estabilidade com mais segurança e na direção certa, do que se nós quisermos, de facto, cada um por si, puxamos cada um para seu lado, não iremos avançar", enfatizou.

Carlos Veiga 'Kalu' -- alcunha do jurista e adotada pela sua campanha -, 71 anos, foi o primeiro primeiro-ministro escolhido em eleições livres em Cabo Verde (1991 a 2000) e anunciou em março a sua terceira candidatura presidencial (depois de falhar a eleição em 2001 e 2006), com o apoio do Movimento para a Democracia (MpD, no poder e que liderou) e da União Caboverdiana Democrática e Independente (UCID, oposição, representada no parlamento).

"A história mostra-nos que quando estamos juntos, quando estamos unidos, nós avançamos. Quando estamos divididos nós não conseguimos de facto avançar praticamente um passo. Assim, a mensagem que passo é de união, é de confiança, é que nós temos que ser capazes de fazer cumprir a Constituição, torná-la viva, porque ela é o quadro em que todos os cabo-verdianos se reveem", acrescentou.

Sobre a campanha que se aproxima, a terceira no país no espaço de um ano e novamente condicionada pelas regras de proteção sanitária devido à pandemia de covid-19, Carlos Veiga afirma que será "de contacto com os eleitores", e "por todas as vias".

"Pelas redes sociais, com encontros porta a porta, e se for possível obviamente com alguns comícios, desde que sejam adotadas e seja possível cumprir todas as exigências que os serviços de saúde fazem para que esse tipo de ajuntamentos aconteça", concluiu.

Cabo Verde realiza eleições presidenciais em 17 de outubro de 2021, às quais já não concorre Jorge Carlos Fonseca, que cumpre o segundo e último mandato como Presidente da República.

O Tribunal Constitucional anunciou em 24 de agosto que admitiu as candidaturas a estas eleições de José Maria Pereira Neves, Carlos Veiga, Fernando Rocha Delgado, Gilson Alves, Hélio Sanches, Joaquim Jaime Monteiro e Casimiro de Pina.

Esta é a primeira vez que Cabo Verde regista sete candidatos oficiais a Presidente da República em eleições diretas, depois de até agora o máximo ter sido quatro, em 2001 e 2011.

A campanha eleitoral decorre entre as 00:00 de 30 de setembro e as 23:59 de 15 de outubro e em caso de uma segunda volta, vai acontecer em 31 do mesmo mês.

De acordo com a Constituição de Cabo Verde, o Presidente da República é eleito por sufrágio universal e direto pelos cidadãos eleitores recenseados no território nacional e no estrangeiro.

Só pode ser eleito Presidente da República o cidadão "cabo-verdiano de origem, que não possua outra nacionalidade", maior de 35 anos à data da candidatura e que, nos três anos "imediatamente anteriores àquela data tenha tido residência permanente no território nacional".

Cabo Verde já teve quatro Presidentes da República desde a independência de Portugal em 1975, sendo o primeiro o já falecido Aristides Pereira (1975 - 1991) e por eleição indireta, seguido do também já falecido António Mascarenhas Monteiro (1991 -- 2001), o primeiro por eleição direta, em 2001 foi eleito Pedro Pires e 10 anos depois Jorge Carlos Fonseca.

As últimas presidenciais em Cabo Verde, que reconduziram o constitucionalista Jorge Carlos Fonseca como Presidente da República, realizaram-se em 02 de outubro de 2016 (eleição à primeira volta, com 74% dos votos).

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