O apelo de Bédié foi feito após a decisão do Conselho Constitucional de validar a candidatura a um polémico terceiro mandato do atual Presidente, Alassane Ouattara, e após a rejeição de 40 das 44 candidaturas, incluindo as do antigo chefe de Etado Laurent Gbago e do ex-líder rebelde e ex-primeiro-ministro Guillaume Soro.

"Perante a ditadura de Alassane Ouattara subscrevo totalmente a desobediência defendida por Henri Konan Bédié e todas as forças políticas e sociais da Costa do Marfim", realçou Pascal Affi N'Guessan, citado pela agência AFP.

N'Guessan foi primeiro-ministro durante o mandato de Laurent Gbagbo, com quem mantém relações conflituosas há vários anos.

"Em nome da FPI [Frente Popular da Costa do Marfim] apelo a todos os marfinenses que amam a paz, a liberdade e a democracia, para que estejam prontos a tomar ações concretas", acrescentou o candidato que nas eleições presidenciais de 2015 ficou no segundo lugar, com 9,29% dos votos.

O político é legalmente o presidente da FPI, fundada por Laurent Gbagbo, mas é contestado por uma fação de apoiantes fiéis a este último, os 'Gor' (Gbagbo ou nada), que não o reconhece como líder.

Pascal Affi N'Guessan descartou também qualquer intenção de boicote às eleições, defendendo que quer "lutar por uma eleição justa e transparente".

Eleito em 2010 e reeleito em 2015, Ouattara tinha inicialmente anunciado em março a sua decisão de desistir de concorrer a um terceiro mandato. Mudou de ideias em agosto, após a morte súbita do então primeiro-ministro e candidato presidencial do partido no poder, Amadou Gon Coulibaly.

A nova Constituição, adotada em 2016, limita o número de mandatos presidenciais a dois, mas o Conselho Constitucional considerou que a entrada em vigor da última versão da lei fundamental recolocou o 'contador a zero', decisão que a oposição contesta fortemente.

O anúncio da recandidatura de Ouattara provocou confrontos, que resultaram em pelo menos 15 mortes.

As candidaturas de Laurent Gbagbo, de 75 anos, residente em Bruxelas e atualmente à espera de um eventual recurso do Tribunal Penal Internacional, após a sua absolvição em primeira instância de crimes contra a humanidade, e de Guillaume Soro, de 47 anos, ex-líder da rebelião e ex-primeiro-ministro, exilado na Europa, foram rejeitadas pelo Conselho Constitucional. Os dois foram condenados pelos tribunais da Costa do Marfim a 20 anos de prisão.

DYMC (ALU) // SR

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