
"Se não houver fraude - e é isso que me preocupa porque já se fala de indícios de fraude -, eu acredito que passarei à segunda volta", afirmou à Lusa Maria das Neves, antiga primeira-ministra de São Tomé e Príncipe e candidata nas eleições presidenciais de 2016, vencidas por Evaristo Carvalho.
Maria das Neves falava à margem de uma ação de campanha em Água Izé, distrito de Santana, já de noite, no final de uma jornada de contactos com as comunidades.
As eleições, sustentou, "ganham-se nas mesas de voto como também se perdem nas mesas de voto".
"Há muita fraude organizada mesmo na mesa de voto", referiu, recordando o "apagão" que se verificou na noite eleitoral das anteriores presidenciais.
"Eu tinha tudo para ganhar as eleições. Quando começou a contagem dos resultados, Maria das Neves estava na primeira posição. Depois houve um apagão que levou três horas. Quando eles restabeleceram a energia, baixei milagrosamente para terceira posição e é isto que eu receio", descreveu.
Para evitar uma repetição, a candidatura está a comprar lanternas para colocar em todas as mesas de voto e apela aos observadores internacionais "para que vejam o que se passa em São Tomé e Príncipe", bem como à população "para que dobre a vigilância".
"As eleições ganham-se pelas mensagens, não pelo 'banho' nem pela fraude", sublinhou, referindo-se à prática de compra de votos em troca de dinheiro.
Durante a campanha, Maria das Neves tem procurado transmitir a mensagem de que "as pessoas não devem votar por uma camisola, por um chapéu nem por um famoso 'banho', devem sim votar pelo emprego, pela educação, pela saúde, votar pelo futuro".
O Presidente cessante, Evaristo Carvalho, apelou no início da semana para que as candidaturas evitem a prática do 'banho', que considerou um aproveitamento "imoral e indecoroso" da pobreza dos cidadãos.
No entanto, "na prática constata-se que há compra de consciência, há 'banho', como nunca antes visto nas campanhas presidenciais", disse hoje à Lusa Maria das Neves, acrescentando: "O receio é muito grande".
A candidata afirma querer protagonizar "uma viragem no país e uma mudança de paradigma", porque 46 anos após a independência, "o país parece não estar a avançar".
"Desta vez, é a vez de uma mulher", garante.
Às eleições presidenciais deste domingo em São Tomé e Príncipe, concorrem um total de 19 candidatos.
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