
"Sairemos destas crises e emergências com um sentido estratégico claro de tornar o país mais resiliente, menos vulnerável a choques externos e com uma economia mais diversificada", disse o chefe do Governo, na abertura da 4.ª edição do Cabo Verde Investment Fórum (CVIF), que decorre durante os próximos dois dias em Santa Maria, na ilha do Sal.
E para isso acontecer, Ulisses Correia e Silva disse que conta com o setor privado, investidores nacionais e estrangeiros, para construírem oportunidades, investirem e realizarem bons negócios.
"E contribuírem assim para robustecer o crescimento económico do país e a criação de empregos. Terão sempre um Estado parceiro e interessado no vosso sucesso", prosseguiu, entendendo que, apesar das crises, a confiança no país é uma variável que se mantém forte.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro avançou que Cabo Verde será dotado de um Programa de Residência por Investimento com Acesso à Cidadania e garantiu que o turismo, associado à cultura e às indústrias criativas, continuará a ser o setor mais dinâmico da economia.
Mas enumerou outros setores com "grande potencial", como a aviação, a economia azul, a transição energética e a economia digital, sobre o qual reafirmou a meta de vir a contribuir com mais de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2030 -- atualmente é de cerca de 6% - a mesma contribuição do turismo, o motor da economia cabo-verdiana.
"Na economia digital, o objetivo forte do Governo é posicionar Cabo Verde como um 'hub' digital com capacidade de atrair investidores, exportar serviços, atrair nómadas digitais, criar oportunidades de empreendedorismo e de emprego qualificado para os jovens e aumentar significativamente a contribuição da economia digital no PIB", sustentou.
O chefe do Governo disse que os fóruns anteriores têm permitido concretizar "importantes investimentos" e afirmou esperar que a edição deste ano seja "especial" e que concretize ainda mais investimentos para o arquipélago.
"Do lado do Governo, do lado dos parceiros que trabalham com Cabo Verde, de instituições financeiras. Há toda a vontade de mostrar que Cabo Verde pode ser uma boa referência de boa governação, de democracia, de desenvolvimento de capacidades tecnológicas e para atração de investimento quer nacional, quer estrangeiro e uma boa referência para um mundo conturbado", terminou Ulisses Correia e Silva.
Com o lema "Cabo Verde is Open to the World" ('Cabo Verde está aberto ao Mundo'), o encontro de dois dias pretende ser "um instrumento privilegiado de mobilização de investimentos para o setor privado cabo-verdiano", promovendo o acesso dos empresários e promotores nacionais aos mercados de capitais nacionais e internacionais.
Nesta quarta edição, estarão em destaque, como os principais eixos de desenvolvimento sustentável do país, os setores da Economia Digital, Economia Azul, Energias Renováveis, Transporte Marítimo e Aéreo, Serviços Financeiros, Agro-negócio e Turismo.
O fórum regressa ao país após duas edições realizadas no estrangeiro, sendo organizado pelo Governo, em parceria com a Cabo Verde Tradeinvest, entidade pública que promove a captação de investimento estrangeiro para o arquipélago.
A primeira edição realizou-se também na ilha do Sal, em julho de 2019, seguiu-se, em setembro de 2019, em Boston, e terceira edição do evento foi realizada em fevereiro último, no Dubai, no âmbito da participação do país na Expo 2020 Dubai.
Cabo Verde vive uma profunda crise económica, após uma recessão de quase 15% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, face à ausência de turismo provocada pela pandemia de covid-19, setor que garante 25% do PIB e do emprego do país.
O Governo cabo-verdiano admite que a economia possa ter crescido entre 6,5 e 7,5% em 2021, impulsionada pela retoma da procura turística, e prevê 6% de crescimento em 2022, que foi revista para 4%, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia.
Na semana passada, o Banco de Cabo Verde (BCV) anunciou a revisão em baixa e uma moderação do crescimento económico para 2022 no intervalo de 3,5% a 4,5%, justificada com o conflito na Ucrânia e a tensão geopolítica.
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