O ponto de partida foi dado durante um seminário/formação, realizado na cidade da Praia, precisamente com o objetivo de desenvolver um sistema de alerta precoce para inundações, secas e outras ameaças naturais em Cabo Verde.

Na sua intervenção na abertura do evento, o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, salientou a importância da ação, sublinhando que o país está exposto a vários riscos naturais e eventos derivados das mudanças climáticas e ainda tem lacunas na capacidade de reação do sistema de prontidão e respostas a emergências.

"Essa ação de formação reveste-se de importância, não só por tratar de uma das componentes-chave do sistema de prontidão e resposta a emergências, mas também porque permitirá às estruturas nacionais de resposta alinhar conhecimentos para a edificação de um sistema de alerta precoce multirriscos centrado nas pessoas", disse o ministro.

"É um trabalho que temos o dever de desenvolver e de aprimorar para que a resposta global seja integrada, mitigando desta forma os riscos de perdas de vidas humanas", completou.

Segundo o ministro, o projeto será composto por três componentes complementares, nomeadamente o desenvolvimento do sistema de monitorização, a capacitação da sua utilização e melhoria na participação e alcance comunitário.

"O objetivo é desenvolver um acompanhamento altamente preciso e rapidamente implementável, para avaliar e antecipar os impactos, bem como as consequências, designadamente na agricultura e nos ecossistemas e na economia em geral", apontou.

Por sua vez, o presidente do Serviço Nacional da Proteção Civil e Bombeiros (SNPCB), Reinaldo Rodrigues, disse que a criação de um sistema de aviso prévio já "é um imperativo" para o país.

Sublinhando que o aviso prévio é um dos componentes-chave de todo o sistema de prontidão e resposta à emergência, o presidente espera que seja "funcional" e "orientado para salvar vidas".

"O 'timing' entre a probabilidade de um fenómeno acontecer e o aviso que tem de chegar à população para se preparar e fazer face a esse determinado perigo é vital para salvarmos vidas", enfatizou, considerando que a resposta só pode ser eficaz com este aviso prévio, sobretudo para pessoas que habitam em zonas de risco.

Atualmente, Cabo Verde tem um sistema que é monitorizado pelo Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica (INMG), vocacionado pela atividade sísmica e vulcânica e avisos meteorológicos.

"Mas não existe um sistema efetivamente multiperigo nacional para fazer face a vários outros perigos que o país enfrenta", continuou o presidente, dando como exemplo as últimas cheias na cidade da Praia, em 2020, que provocaram inundações, muitos estragos e a morte de uma criança.

O seminário conta com o apoio do Escritório Regional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) para a África Ocidental (Sahel) e a formação é ministrada pelo Dentares, Instituto dos Países Baixos, organismo independente de investigação aplicada no domínio da água.

Com duração de três dias, a formação terá como público-alvo representantes de instituições e organizações governamentais e não-governamentais e da sociedade civil.

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